domingo, 31 de dezembro de 2006

excelentes começos

"Todas as famílias felizes são parecidas entre si, mas as infelizes são infelizes cada uma a sua maneira."
Tolstoi, Anna Karenina.

"Tudo no mundo começou com um sim."
Clarice Lispector, A hora da estrela.

"Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranqüilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso."
Kafka, A metamorfose.

"Call me Ishmael"
Melville, Moby Dick

"Me chame de Ismael e eu não atenderei. Meu nome é Estevão."
Luis Fernando Veríssimo, O Jardim do diabo.

"Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo."
Gabriel García Márquez, Cem anos de solidão.

"Se querem mesmo ouvir o que aconteceu, a primeira coisa que vão querer saber é onde eu nasci, como passei a porcaria da minha infância, o que meus pais faziam antes que eu nascesse e toda essa lenga-lenga tipo David Copperfield, mas, para dizer a verdade, não estou com vontade de falar sobre isso"
J.D. Salinger, O Apanhador no campo de centeio.

"Haverá, ainda, histórias possíveis?"
Dürrenmatt, A pane ( uma história ainda possível)

"Hoje, mamãe morreu. Ou talvez ontem, não sei bem. "
Albert Camus, O estrangeiro.

"Aos dezesseis anos matei meu professor de lógica. Invocando a legítima defesa - e qual defesa seria mais legítima? - logrei ser absolvido por 5 votos contra 2, e fui morar sob uma ponte do Sena, embora nunca tenha estado em Paris."
Campos de Carvalho, A lua vem da Ásia.

"Alice começava a enfadar-se de estar sentada no barranco junto `a irmã e não ter nada que fazer: uma ou duas vezes espiara furtivamente o livro que ela estava lendo, mas não tinha figuras nem diálogos, "e de que serve um livro" - pensou - "sem figuras nem diálogos?"
Lewis Carol, Alice no país das maravilhas.

"-Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. "
João Guimarães Rosa, Grande sertão, veredas.

"Queimar era um prazer. "
Ray Bradbury, Fahrenheit 451.

"Basta dizer que sou Juan Pablo Castel, o pintor que matou Maria Iribarne; suponho que todos ainda se recordam do processo, o que dispensa maiores explicações sobre a minha pessoa. "
Ernesto Sabato, O túnel.

"No princípio, Deus criou o céu e a terra. Ora, a terra estava vazia e vaga, as trevas cobriam o abismo, e um vento de Deus pairava sobre as águas."
hum... autor meio desconhecido..., A Bíblia de Jerusalém.

"No princípio era o Verbo"
Evangelho Segundo São joão.

Não precisa começar do começo, pode prenunciar uma tragédia, uma história de amor, duas, três... pode começar do meio ou mesmo do fim. Pode nem ter história... mas que seja bem escrito.
um bom ano novo, a todos vocês, repleto de histórias bem escritas.
Continuem me lendo.

Beijos,
Lulu.

e fica o convite: quais os bons inícios dos grandes romances da vida de vocês?

sábado, 30 de dezembro de 2006

Enquanto isso...

No banheiro do boteco do Planeta Rio...

A filhota diz prá mãe:
-Mamãe, eu fiz xixi na popó.
- Não filha... você fez xixi da popó.
- Da popó?
- É filha... tem uma diferença entre "na" e "da". Quando você for mais velha, você vai aprender e entender isso...

Lulu concorda.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006



Planeta Rio.
















carteado: as unhas combinando, é claro; o jogo, uma porcaria, é claro.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Lulu na Serra

Então, como ninguém é de ferro e o calor nesse Planeta não dá a menor trégua, fiz como os nobres fidalgos de outrora e subi a serra para fugir desse clima abissínio.
Gente, até dirigi no Planeta Rio, e sabe que nem bati nem uma vez? Ouvi somente uma ou duas buzinadas assim normais e dirigi até pela tal da Linha Vermelha e nadica de nada aconteceu, nenhum carro queimado, nenhuma bala perdida, nada... Sem falar que cheguei no Rio de avião em pleno natal, ou seja, ando com sorte mesmo, tudo muito estranho.
Então fomos embora para Muri, um lugar onde os cariocas vão passar as férias, perto de Nova Friburgo. à medida que a gente sobe, a temperatura cai, um desse fenômenos incríveis e belos da natureza.

E lá chegamos, por volta das quatro da tarde, à procura de um restaurante aberto. Ah, como é vã e etérea a esperança humana... Magina! aparentemente, carioca não almoça tarde, ou melhor, não sobe a serra durante a semana, nenhum restaurante estava aberto e nenhum abriria à noite. Costumes dos flumineses. ... Fomos salvos pela simpatia de um local, que nos deu abrigo e comida ( sim, já começara a chover) e abriu seu restaurante para nós. Pois é. Difícil falar mal daqui... Comemos uma comidinha mineira, hiper bem feita, barata e boa.

Alimentados, nos munimos de pão e vinho na padaria mais próxima e bacana da região, e nos entocamos numa casinha hiper simpática, em meio a araucárias e hortênsias (ok, tipo Campos do Jordão, mas menos shopping e menos yuppie, ou seja, bem mais simpático). Devo dizer que no caminho, na tal subida da serra, contei inúmeras placas que nos advertiam não somente contra animais selvagens como também especificamente nos alertavam do risco de cruzarmos com jaguatiricas, quatis, tamanduás e macacos... Ou seja, basta meia hora de carro aqui nesse Planeta e você já está em plena selva amazônica.

Seguros, sãos e salvos, pão, vinho, sal e azeite à mão, não precisávamos de mais nada. Em tempo: continuava a chover...

meia hora depois...

"cadê o travesseiro?" Puta merda, esqueci o travesseiro, não vou conseguir dormir... Hum... num tem tevê mesmo? Ninguém trouxe o lap top? nem um radinho? "

duas horas depois...
"geeente.. leiam!! num precisa fazer nada, vamos todos ficar lendo... Hum... esqueci meus óculos. Só tem livro chato.... Quem quer chá? "
Continuava a chover e ouve-se o primeiro espirro. A rinite de alguns começava a atacar. Casa fechada e ar muito puro dá nisso. "Abre a janela..." ..."mas aí vai entupir de bicho...."

Três horas depois ( e alguns da família já quase sem nariz) ...
Ok, baralho. Abram o vinho, cortem o pão, façamos as apostas.

Quinze minutos depois... :

Hum... saudade de praia... Vambora amanhã?

Cês já sabem o final, de volta ao calor, amanhã vou à praia!

Planeta Rio

Sim, caros leitores e leitoras,

Lulu está passando uns dias no Rio de Janeiro. Devo confessar que, toda vez que chego aqui, começo me espantando com o fato de que o povo entende o que eu falo e que eu entendo o que os cariocas falam. Sim, porque para essa paulistana legítima e da gema, o Rio de Janeiro é... assim... mais ou menos como um outro planeta.

Para começar tudo aqui é muito bonito. E de graça. Estranho prá burro. Basta você sair, dar uma volta, que dá de cara com um horizonte maravilhoso, montanhas, um mar abissal, e papapá pipipi... E gente saudável, andando pela praia, bronzeada, de bicicleta. Credo.
Uma exuberância sem fim. Esquisito prá burro.

A praia, ou... a arte de fazer nada.

Muito estranho. Sim, Lulu foi à praia, munida de protetor solar fator um milhão, sainha, tudo de direito. Chegamos, alugamos cadeiras ( deu no Globo , o jornal ( ?) daqui, que é cafonésimo ir à praia carregando sua própria cadeira), fincamos o guarda-sol na areia fofa e escaldante e... pronto. Num tem mais nada a fazer. A arte da contemplação zen. Bundas, pernas, barrigas, peitos , troncos, de todos os tipos e tamanhos, para todos os gostos e prazeres, sem vergonhas e desinibidos, desfilando para lá e para cá. O mar ali na frente e hooooraaass fazendo nada, a não ser passar um certo calor e sentir seu corpo queimando. Aí, de vez em quando, você se levanta, resolve tomar um banho de mar, vai lá, se acaba e volta, e sente sua pele secar e ficar com aquele gostinho de sal. Cura tudo, estou quase convertida. Depois você chega em casa come e dorme um pouco, porque todo esse fazer nada cansa prá burro. Hm... Amanhã vou de novo, mas levo um livro, porque, devo confessar, esse dolce far niente me dá uma certa aflição!!!
Saudadezinha da poluição e do stress lá de SP.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

Para a ressaca

Sim, Gazpacho!!
Nesse calor, nessa ressaca, nesse período que nos põem todas loucas e à beira de um ataque de nervios.... Gazpacho.

Há várias escolas, mas vou contar de uma delas:

Pega-se tomates maduros e tenros, bem importante que estejam tenros e saborosos, pois a matéria prima é tudo. Se você tiver tempo, paciência e saco, pode até dedicar-se a tirar as peles das ditas frutinhas, assim como suas sementes, sempre fica melhor e mais leve, mas se a ressaca for brava e a paciência, limitada, pegue os tomates, corte-os em cubos e coloque-os, todos e inteiros, no liquidificador. Um pouco de azeite, alho, pimenta do reino moída na hora, pimentão ( mas há quem prefira picá-lo e deixar num potinho ao lado para que os comensais escolham se querem ou não pimentão), um pouquinho de cebola, crua mesmo, um punhadinho de sal. Se os tomates estiverem com muito suco, engrosse a sopa fria usando um pedaço de pão amanhecido, fica ótimo. Liquidifique tudo sem dó, e voilá, está pronta a sopinha. Para a incrementação, quem quiser, pode fazer potinhos com legumes picadinhos, como pepino por exemplo, para dar uma corzinha e alegria à essa sopa fria, já alegre por natureza.
Ótima para ressaca, antes e depois do porre, ótima para a digestão. Sobretudo, muito gostosa. Deixe na geladeira e vá bebendo durante o dia. Com 37 graus à sombra, excelente.


O homem não vive do que come, mas do que digere.
Victor Hugo

palavras esquisitas, 3

Há quem assuste o cheque,
há fumantes invertebrados,
eu mesmo tenho problemas no célebro e não gosto de quem estrupa mendingos.
E tem gente com alta e baixa estima, muita gente, gente demais.

domingo, 24 de dezembro de 2006

aviso aos navegantes:

O Diário da Lulu ignora o dia de natal.

sábado, 23 de dezembro de 2006

O que terá acontecido ao James Bond?








pois é... também acho que a arma do outro assim desse tamanho é bastante suspeita... fico com o primeiro. Esse aqui do lado.
















Sim, fui ver. Ano que vem viro intelectual de novo, hum... ou não.

O filme é assim: no começo ele é um loser que além de não ter licença para matar, se veste mal, trabalha no meio da África, é desajeitado e fica tropeçando enquanto persegue os bad guys terroristas e feios que vão acabar com o mundo ocidental que a gente ama tanto e tal, dirige um ford e bebe qualquer coisa. Aí você fica pensando, enquanto o filme não começa... ( sim, porque o enredo começa a aparecer ali depois da primeira meia hora) ... como assim??? Cadê o James Bond? Aí você lembra que essa é a primeira aventura do mocinho, então trata-se da narrativa da construção de um herói... Sim, meninos e meninas, ao final, ele vira o Bond, James Bond. Depois de duas horas de filme, o moço aprende a se vestir, tem o coração endurecido e partido, bebe somente seu vodka martini ( mas não tá nem aí se é batido, chacoalhado ou mexido) e, ufa!, dirige um Aston Martin. Entre uma coisa e outra, uma série interminável de tiroteios, perseguições, explosão, tortura, pouco sexo e uma história de amor mal construída. Hum... saudades do Sean Connery.


Pois é. E a certa altura, em meio ao rame rame que cês vêem aí, ele levanta, resolve que precisa trabalhar, pede champã e caviar prá mocinha e a deixa só e a ver navios para ir perseguir um feioso em Miami...
Imperdoável, o velho e bom 007 jamais faria isso, namoraria bem bastante antes de salvar o mundo inteiro....


e.. cadê as vilãs maravilhosas que dão graça e sabor a todos os filmes da série? Nem umazinha para contar história...


definitivamente... o que terá acontecido ao Bond, James Bond?

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

aparências favorecidas

No convite para a inauguração da Rua Oscar Freire estava escrito assim:

"Poeira, marteladas e barulho acabaram. No lugar dos operários, homens e mulheres bem vestidos e com a aparência favorecida em todos os aspectos voltam a circular pelas calçadas da rua Oscar Freire".


Lulu foi verificar, toda investigativa e bastante curiosa sobre esse povo de aparência favorecida em todos os aspectos. Devo dizer que a reforma não acabou ainda, e que os operários não favorecidos em quase nenhum aspecto continuam lá, e estavam trabalhando em plena meia noite, mas tenho certeza que isso logo será resolvido e para alívio geral e respiro da nação em breve somente os tais homens e mulheres bem vestidos e de aparência favorecida em todos os aspectos voltarão a circular pelas calçadas alargadas e, diga-se de passagem, mal acabadas, de tão nobre Boulevard.

Deixo com vocês uma fotinho meiga da vitrine dos favorecidos onde descansava um gatinho tão favorecido que não só é branco como também já vem empalhado .



um dia perfeito


Ontem vi uma amiga que não via há mais de mês. E há coisa melhor? Falamos, sem parar e sem trégua, basicamente, das onze da manhã até as oito da noite. O velho assunto inesgotável, se bem que tenhamos conversado um pouquinhozinho sobre trabalho e livros também....

E fomos almoçar juntas, nos tratando bem, é claro, com direito a vinho e refeição completa.

Depois, parada no salão, e unhas e pés devidamente pintados do vermelho mais vermelho que pudemos encontrar. Enquete feita com as manicures, que não paravam de rir da nossa cara e prometeram que ajudarão na pesquisa sobre o nome da perseguida inominável.

Cheias de boa vontade, tontas já do vinho e do calor, depois do Salã0 ( adoro essa expressão, bem melhor que a difícil e chata: cabelereiro!) fomos, na maior boa vontade do mundo, à Livraria da Vila, comprar presentes e livros.

Ficamos lá o tempo suficiente para um café e um brigadeiro de colher ( como podem ver, minha dieta vai de vento em popa) e escapulimos imediatamente rumo à loja de sapatos mais próxima, de onde saímos algumas horas depois... consideravelmente mais pobres, conversando, com mais uma taça de prosecco na cabeça (tem coisa mais chic que fazer compras tomando uma taça de espumante?), ligeiramente culpadas, por cerca de dois segundos:

-Pô... a gente é fogo...
-É... num devíamos ter entrado lá...
-É.. agora, de novo, só daqui a três meses.
- Tá...
- Num conta prá ninguém, heim, Lu?
-Tá...
-Ai... tô tão feliz com meu sapato e brinco e colar e sei lá o quê novos!!!
-KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK!


Voltamos à livraria, e para justificar o carro no estacionamento deles, comprei dois livrinhos, para mim mesma, e um cd. Resutado das compras de natal: um sapato para PARA MIM ( mas reparem: é cor de berinjela, é aquele sapato irresistível, que clama por você), um colar PARA MIM, dois livrinhos PARA MIM e um cedê PARA MIM. Hum... hoje tento de novo. Num vou falar da lista da amiga porque como todos podem desde já perceber, sou uma pessoa muito discreta.

Sim, meu povo, hoje é dia 22 e eu não comprei nadica de nada de presente de natal ainda. Pelo menos, não está mais tão quente.

Boa sorte prá Lulu.

beijos a todos.

minha situação...

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

grelhados: e que vivam os sentidos!!

E QUEM DISSE... que é necessário comer mal quando se está de dieta?

E às vezes, cozinhar resume-se à arte de não estragar aquilo que já bom... Um bom peixe, tomates, berinjela, abobrinha... grelha-se tudo, tome sal, azeite e pimenta do reino ao gosto e desejo de cada um... e pronto. Como está escrito no cardápio do Bar Leo, avec com uma boa taça de vinho... não tem prá ninguém.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

elas e elas, por Egon Schiele


O nome Dela

O post sobre sovaco suscitou esse, inevitável e necessário, porque várias amigas prontamente elencaram como palavras feias, horrorosas e até mesmo chatas da língua portuguesa, alguns dos nomes que damos para Ela...

Começou com a Mô, que nem teve coragem de escrever xoxo... inteiro. E aí a Helena foi lá, pegou o passe e chutou a gol:

Realmente, xoxota é muito pior que sovaco. Pior ainda se a gente tem que dizer "minha" xoxota. Nada mais sem dignidade no mundo. E aí fica o dilema: "minha" buceta soa vulgar demais, "minha" vagina, demasiado higiênico, quase antisséptico. Mas xoxota a gente só pode ter até os 7 anos...

E eu fiquei pensando...

à noite, no bar, uma outra amiga foi peremptória: “não tem nome bom pra isso!!! Imagina, quando eu era pequena, minha mãe chamava de Pipi... mas Pipi é para pinto!! Num pode... Como sua mãe chamava?”

Tentei lembrar... Devo dizer aqui, desde já, que tenho péssima memória, mas não lembrei... e falei: “sei lá, acho que minha mãe num chamava de nada, vai ver nem chamava, era uma zona indistinta e inominável do corpo, sei lá... num lembro mesmo...”

Lembro, sim, de uma empregada, que falava para lavar bem a Periquita e, se não me engano, usava o termo chavrasca também... Credo.

Devo contar que o homem da mesa ficou indignado e falou que tudo isso era uma viagem absoluta da nossa cabeça de mulheres doidas. Enfim...

O marido de uma amiga A chamava de pombinha...

Lembro da minha primeira ida ao ginecologista, após a primeira menstruação, quando, nervosa e vermelha como um pimentão, me referia a... lá embaixo.

Uma outra amiga, após uma análise revolucionária, passou a chamar a dela de Madame X, e conta que saiu pela rua nesse dia toda contente e de bem com sua Madame.

E vocês, meninas? Quais os nomes Delas?

Está aberta a primeira enquete do Diário da Lulu.

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

palavras esquisitas 2: troglodita.

Aconteceu lá na USP, curso de Letras, primeiro semestre do primeiro dia de aula. A aluna, encantada depois da aula de apresentação do curso, chega para o professor e pergunta:

- Professor... quantas línguas o senhor sabe?

O professor, cultivando cuidadosamente seu ar ocupado-blazê-distraído-mas-com-charme olha para cima, faz uma pausa e pára para pensar:
- Hm... deixe-me ver.... hum... línguas para ler ou para falar também?

A mocinha, cada vez mais encantada, toma fôlego e pensa grande:
- Ah professor... línguas que o senhor fala e/ou lê. Quantas?

Ele, mantendo o mesmo ar cuidadosamente descuidado ao qual já me referi acima, quase fecha os olhos para lembrar de todas e responde, com um certo ar de tédio:

- Hum... bom... eu leio latim e grego... alemão... falo e leio francês, inglês, espanhol e italiano... hum... acho que é isso...

- A moça, já com lágrimas nos olhos, picando os olhos de tanta felicidade perante tamanho conhecimento, comenta:

- Nossa professor!Eu vou estudar bastante para um dia ser que nem o senhor: troglodita!!!

E o professor, voltando para a terra, comenta, ligeiramente atordoado:
estuda menina, estuda bastante que um dia cê chega a troglodita.

(e não estamos chegando, todos nós? )

história toda verídica, contada pela minha amiga Helena, acontecida já há algum tempo.

palavras esquisitas: sovaco.


Eu adoro palavras e nomes de coisas, presto atenção, gosto de repeti-las até que percam o sentido, me divirto com as coitadinhas, as uso sem cerimônia e, muitas vezes, até abuso um pouco delas.


Mas tem uma palavra que eu não gosto, vou confessar, ela é feia coitada e eu, simplesmente não a uso: SOVACO. Ganha o título de palavra mais feia da língua portuguesa. Eu, por exemplo, tão luluzinha, não tenho, nem jamais terei, um sovaco. Nem um nem dois. Nenhuma mulher deveria jamais ter sovaco. Temos "debaixo-do-braço", ou, no máximo, axilas.
Olhemos um instante para a imagem acima. Se você conseguiu ler esse texto, é porque foi forte o suficiente para desgrudar os olhos da toda poderosa e maravilhosa da Gilda, e... vamos combinar... pernas, peito, cintura, boca, braços... sim, tudo isso ela tem, e tudo isso é lindo mas... sovaco???????????????ela num tem.
Tem debaixo do braço, assim como eu, e você, querida leitora.

o natal das cozinheiras de madame

A matéria chama-se: "O natal das cozinheiras de madame" e saiu no excelente caderno de cozinha, ops, culinária ( mais chic, neah?) do Estadão, na quinta feira, dia 15. Como na quinta feira, dia 15, esse blógui ainda nem existia, comento hoje mesmo, terça, dia 19.

Bom, o natal das cozinheiras de madame resume-se a cozinhar para as madames, é claro. E a matéria traz aquelas receitas familiares (da madame) que só ELAS (as cozinheiras) sabem preparar. E olha só as pérolas que saíram:


"A advogada Adriana Lobo Viana já perdeu a conta: não sabe se Edeuzir dos Santos da Silva chegou à sua casa há dez ou onze anos. Mas pouco importa. É com se Déu já tivesse nascido ali, como parte da família."
Essa é básica, num podia faltar, onde já se viu empregada com história própria?

"A mineira Maria Aparecida Maciel já é uma espécie de patrimônio na casa da empresária Luiza Estima. Contratada como cozinheira da família há exatos doze anos, chegou sabendo apenas o básico. Hoje, comenta Luiza, é uma profissional completa - e das melhores."
Uma espécie de patrimônio é maravilhoso, não?


"Monika Galloni diz, da cozinheira da família há dez anos: "Ela começou como copeira e, hoje, pode supervisionar grandes eventos. Sempre que a empresa precisa, eu a empresto."
essa generosidade e despreendimento da nossa elite sempre me emocionam.

"Apesar de ser arquiteta, há um ambiente da casa que Flavia Ralston não sabe como funciona. A cozinha é território de Marluce Pereira, Marilena Santos e, eventualmente, sua sogra"
Adorei a outra colocando, eventualmente, a sogra na senzala!!!!

a última, uma verdadeira pérola:

"Lúcia Araújo não foi contratada por Lídia Faro. Foi herdada. ‘Ela trabalhava para a minha filha havia seis anos e há quatro anos está comigo.’ conta a patroa. O clima entre as duas é ótimo: Lídia deixa que Lúcia tome conta da cozinha. "Eu estava pensando em fazer uma salada com mousse de aipo para as fotos, mas ela se recusou, porque achou que não combinaria com o prato de bacalhau. Pode?" diz Lídia, às gargalhadas."
Pode?

Mas ainda bem que a escravidão já acabou faz tempo e ninguém nem sabe mais o que é isso. Ufa

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

ataquezinhos de insegurançazinhas

às vezes bate, e bate forte, e não tem anos de análise que reprimam. E a gente ( vou colocar "a gente" e não "eu" que é para ficar mais democrático e, supostamente, impessoal) fica precisando de elogios, juras de amor, olhares derretidos, flores e pescoços torcidos que acompanhem nosso andar. E se eles não percebem isso, se estão com sono, distraídos, ocupados, preocupados, ou... simplesmente, nos amam, curtem, nos acham belas e pronto, e esquecem que precisam ficar falando e repetindo e afirmando isso infinitamente... coitados deles... a gente fica triste, deprimida, dá até uma raivinha e não quer nada mais com a vida.

Credo.

Abaixo os ataques de mulherzinha. A receita é subir no salto mais poderoso e dar uma volta ali na construção da rua. Pronto, e não precisa ficar enchendo ninguém.

lulu apaixonada


Como fosse um par, como se pudesse controlar o mundo, como se fosse envelhecer irremediavelmente daqui a três dias e precisasse então viver tudo, muito; como se não fosse machucar-me nunca, como se meu corpo fosse um vazio sem você, como se eu não existisse... como se formada por correntes elétricas, com se de plástico, como se de carne, como se feita para dançar sem trégua, como se de matéria moldável, como se feita para ti, me apaixono diariamente.

simon evans


No último dia possível resolvi, finalmente, visitar a bienal. É bem legal visitar a bienal, é bem legal ir a uma exposição para ver arte em museu. Porque você não vai ganhar nada, não vai sair de lá com nada, basicamente, ir a um museu não serve para nada, além de ir ao museu. E não serve ir à vernissagens, traçar um prosseco barato, ver e ser visto, pequerar e tal...

tô falando de ir a museus, ver arte. Pode acontecer da experiência ser chatésima, não te tocar em nadica de nada, e vc pensar: geeentee... arte é, realmente, muito chato... esse pessoal num tem mais o que fazer, não?
E pode ser que, naquele dia chuvoso ou de sol, no qual você resolveu sair e, ao invés de ir ver o último filme do zero zero sete, optou por pegar o caminho do Ibirapuera, calçou sapatinhos confortáveis e foi lá, na bienal, você tenha tido uma experiência legal, e de algum modo, se humanize mais um pouco, ou pense um pouquinho sobre o mundo, ou veja-o com outros olhos, ou , simplesmente, se emocione com alguma coisa.
Pois bem, tive uma experiência legal, adorei a bienal. O trabalho desse artista, Simon Evans, me emocionou.
Infelizmente acho que não dá para ver direito... mas mil sorrisos, são mil sorrisos, que ele recortou e numerou, e pronto, simples e lindo.





domingo, 17 de dezembro de 2006

a cozinha da lulu




















Aqui, você encontra receitinhas, dicas e tudo sobre o bom viver na mesa na cozinha, na cama...

Essa é minha cozinha, uma das almas da casa e provavelmente uma das almas da lulu, que cozinha bem à beça, e... logo vocês verão, não é nada modesta. Sim, esse é o meu fogão. Sim, ele é lindo. É um fogão industrial, desses que se usa em cozinha de restaurante, o máximo dele é que, além de lindo, você nunca mais na vida vai xingar ninguém por não ter aquela chama alta o suficiente para grelhar qualquer coisa... Além disso, apesar das bocas meio assustadoras, é realmente possível ter um fogo também super baixo, e assim por diante. Sim... a vida de uma cozinheira feliz não é nem pode ser completa sem um ótimo fogão.