Algumas questões me vieram à mente...
1) Ninguém é obrigado a ver vídeo de viagem, batismo, casamento de ninguém... todo mundo sabe que esse vídeos só divertem quem viajou, casou ou batizou seus filhotes. Por que, meu deus, somos obrigados a ver vídeo de confraternização de empresa??? Me expliquem, o quê era aquele showzinho mequetrefe do Milton Nascimento e aquele bando de gente se fingindo de descontraída ao final??? Presisamos mesmo ver todo o staff da novela dando tchauzinho para a câmera? fingindo cantar uma música que não conhece, tentando ignorar a câmera e tal ( era até engraçado)? Se abraçando entre si?
No meu tempo, no final de novela sempre havia um casamento, ou, ok, mesmo um nascimento, a gente chorava, se divertia, via que o mundo era bom e os bons sempre ficavam felizes para sempre no final e pronto. Ninguém submetia à gente a vídeozinho de festinha de final de ano da empresa. Horror, horror...
2) Hilário o diálogo entre o Tony Ramos e a Glória Pires:
O Gilberto Braga deu um jeito do cara descobrir em dois dias que tinha dois filhos e no dia seguinte perder os dois. Um, porque não era dele mesmo; outro, porque morreu, assassinado pelo irmão invejoso, nos braços do pai recém descoberto. Uma coisa assim tragédia grega. Parece que ele foi muito malvado durante a novela inteira, então precisava desse sofrimento final para expiar um pouco suas culpas e poder ter um final feliz com a Glória Pires, até porque afinal com esse casal ninguém mexe, ela já até virou homi por ele e ele até já virou mulher por ela, têm que terminar juntos e felizes. Então bota o homi para sofre um pouco, em fast forward. Aí vem o Tony, com todos os seus pêlos e tal, chorar nos braços da amada: " Eu achei que tinha um filho.. perdi... Descobri que tinha outro.. perdi... Perdi dois filhos, de repente... "
E a Glória, com sua cara de cavalo, consternada e emocionada, anuncia para o maridão: "Mas você tem um filho! Um terceiro!!!Está aqui, dentro de mim!!!"
Geeeeeeeeeeente!! só rindo.
3)Sempre converso com meus alunos sobre finais de trama, especialmente tramas de suspense, assassinatos, etc. É uma arte, construir um bom suspense, muitos personagens têm que ter o famoso motivo e a tal da oportunidade, há que se espalhar umas pistas falsas por aí para confundir o leitor ( ou espectador), um monte de mensagens subliminares e entrelinhas que abrem suspeitas e espaços para teorias e mais teorias. Em novela, bolões são feitos para ver quem adivinha o final, a mídia preenche todo seu espaço com as mesmas reportagens de sempre,"Quem matou..." essas coisas.
O fato é que as peças do jogo devem estar todas na mesa, bom é aquele que consegue ordená-las da maneira correta, e perceber quem verdeiramente é capaz de realizar o assassinato em si. A Agatha Christie arrasa quando, por exemplo, cria uma trama onde, simplesmente, todos os suspeitos são o assassino, e as doze facadas foram dadas por doze pessoas.
O Gilberto Braga quis fazer um final tão surpreendente, mas tão surpreendente, que inventou uma história complicadíssima que eu mesmo não entendi bem.
A Vera Holtz não sabia quem era o pai do seu filho??? Como assim???
Ninguém entendia nada, e o coitado do Wagner Moura, morrendo, teve que desperdiçar todo seu imenso talento tentanado explicar, enquanto morria, uma das histórias mais furadas que já ouvi na vida:
A mulher perdeu o filho na maternidade, resolveu adotar outro, que pegou ali mesmo, no hospital, sem contar para ningupe que itnha perdido o original. O outro, que pelo que entendi ela achava que era um genérico aí qualquer, era o filho do Tony Ramos ( que ele também não sabia que existia, fruto de um caso com um aempregada aí qualquer do passado), herdeiro, herdeiríssimo. Só o irmão malvado sabia disso tudo e é claro que não vai contar nada para ninguém. . Aí o irmão cresce com inveja, o outro cresce traumatizado e confuso achando que é bastardinho, e o irmão malvado , que quer virar o herdeiro ele mesmo, bola um plano que, se eu entendi bem, é assim:
matava o Tony Ramos, aí matava o irmão bastardo herdeiro, aí matava a mãe, aí simulava um atendado contra si próprio para evitar suspeitas e depois acabava rico, herdeiro e feliz.
?????????
Please!!!
Putz! mas e a Thais? ficou faltando uma explicação para o assassinato da Thaís!
Fácil: Flash back. Um belo dia, sabe-se lá porquê, o Wagner Moura decide contar todo seuplano para seu comparsa. Bota a gêmea malvada para ouvir tudo enquanto mijava (e sabe-se lá porque o Wagner Moura resolveu contar tudo para o seu comparsa num belo dia). Como boa malvada quis chantagear, foi muito gananciosa e quis 40 por cento da herança. era muito, adeus irmã gêmea.
ô, gente... o Gilberto Braga teve quase um ano para bolar a trama... custava ter pensado num final mais coerente?
Se fosse aluno meu, mandava reescrever tudo, e dava zero no quesito verossimilhança. Toda ficção usa o recurso da coincidência para resolver questões do enredo, isso é ok. Todo mundo se cruza na rua, vai ao mesmo hospital, a mesma delegacia, tudo isso é ok. Mas essa solução abusou de todas as regras de convencimento.
Fica fácil criar um final surpreendente assim, quando vale tudo. Achoq ue o Wagner Moura podia ter contado a seguinte historinha:
na verdade, eu sou um alienígena que veio do planeta Zonskry com a missão de matar todo mundo que, um dia, usasse sapatos brancos. A Thaís, naquela sexta feira, usou sapatos brancos. Mamãe também... o Tony Ramos adora usar sapatos brancos, todos tiveram que ser mortos! Eu odeio sapatos brancos, e no meu planeta há uma previsão de que, um dia, um ser humano do planeta terra que usava sapatos brancos iria ao nosso planeta, tomaria nosso reino e escravizaria todos nós. Não podia deixar que isso acontecesse... por isso matei, ou tentei matar, todo mundo...
4) Decididamente a Alessandra Negrini é linda mas só fica bem em papel ou de engraçadinha ou de mulher malvada, nunca vi heroína mais sem graça, não é à toa que ninguém tava nem aí para o destino dela. E, não custa perguntar... por que ninguém pôs uma amarra nos braços do Fábio Assunção? Nunca vi alguém se mexer tanto e de modo tão exagerado! Começou até a me dar aflição. Fora o lance do biquinho... que biquinho é aquele que o cara fica fazendo toda hora? será que alguém falou algum dia que era sexy?
Mistério...
E um dia alguém será capaz de me explicar qual a graça que há numa perseguição de carro. Não há final de novela, ou filme de ação, que não nos obrigue a assistir entediados um carro perseguindo o outro pelas ruas de alguma cidade. Direito a close no rosto do mocinho e do bandido, direito a passageiro atirando no carro de trás, freadas bruscas, carros de polícia queimando e assim por diante... Uma chatice sem fim. Ok, brincar de carrinho é legal, e explosões e tal são legais, mas... a gente precisa ficar assistindo à brincadeira dos outros? é chaato...
4) Palmas para a Camila Pitanga, que realmente arrasou e tomou a novela para si. O final dela como Monica Veloso foi bacana também, e o Wagner Moura realmente é um grande ator, ele o comparsa dele eram os melhores o tempo inteiro, e não só porque os vilões são mais interessantes, os caras são bons atores, e pronto.
5) Por último... sobre as propagandas... é impressão minha ou estão cada vez piores?
Tenho visto pouca tevê mas, pelo que eu me lembre, no horário nobre da globo, especialmente em fim de novela, passavam as propagandas mais bacanas, caras, emocionantes, engraçadas, criativas. Aquelas que a gente lembra, viram ícones e tal.
Só vi aquelas propagandas trash das casas bahia, supermercados num sei o quê com ofertas de quilo de carne, móveis estofados, e tevê com carrinho e controle remoto. Outras, os caras nem precisam mais se preocupar com texto, inventam alguma palavra ou expressão nova, e ficam repetindo por quinze segundos, para ver se entra nas nossas cabeças. Ou ainda, propagandas de carro e cerveja. Tantos as propagandas de carro como as de cerveja estão cada vez mais parecidas entre si. Carro: o cara - estressado, infeliz, preso pelo horário e pelo trânsito, entra no carro. Imediatamente o cenário muda, começa a tocar alguma musiquinha cool, ele sai do trânsito, vai parar num lugar paradisíaco qualquer, conquista a liberdade e passa a ser dono do seu próprio nariz e mundo, um mundo de horizontes abertos e sem fronteiras. Ops! propaganda de celular também diz isso. Pois é...
E quem aguenta ver um monte de povo feliz em algum boteco, pedindo Aquela cerveja senão a festa, o pagode, o samba, o refrãozinho insuportável - e junto com todos eles, a felicidade - acabam.
A cerveja vem junto com alguma mulher bem linda, que aliás é ignorada porque todo mundo só quer beber.
Enfim, esse foi o resultado de minha semana novelística. Fiquei muito decepcionada, adoro chorar em final de novela, e nesse não teve sequer um casamento decente.
Ficam aqui meus sinceros protestos.
Milton! já corrigi! ;-) O mestre manda, a gente obedece. :-)
fora do publicitário:
preciso te comunicar que minha produtora deseja romper contrato da conta da sua empresa, pois nossa parceria não está alcançando os índices satisfatórios de interesse dos consumidores. Há um desequilíbrio entre o produto tradicional que vc quer vender e aquele que eu quero divulgar com a minha arte e criação, e nossos esforços de causar um mega-impacto no mercado foram, até agora, desastrosos para ambos.
2 de Setembro de 2007 21:07