segunda-feira, 10 de setembro de 2007

O Samurai, o Cowboy, Hiro e o dilema e o lugar dos heróis.










O Samurai e o Cowboy:

“Sete homens e um destino” é um belo filme de faroeste, refilmagem do belíssimo “Os Sete Samurais”, de Akira Kurosawa.
Ainda gostaria de escrever sobre o samurai e o cowboy, já que os filmes de samurai parecem se adaptar perfeitamente ao farwest americano, bastando apenas mudar a paisagem e os figurinos. Além dessa adaptação, há ainda o magnífico Por um punhado de dólares, filmado por Sergio Leone e totalmente baseado em Yojimbo, também do Kurosawa. As duas versões americanas seguem par e passo os originais japoneses. O roteiro é praticamente o mesmo, as personagens são as mesmas, é incrível como dá certo.

Afinal, o que há em comum entre o samurai e o cowboy?

O que está em questão, especialmente em Os setes samurais é a ética e a vida do herói.
Tanto o samurai como o cowboy são exemplares da figura do herói solitário, seu poder à serviço às vezes de um senhor, às vezes da grana, mas sempre guiados por um código de honra rígido dentro de uma vida que cotidianamente depara-se com a morte.


O agricultor e o guerreiro:


A história do filme Os sete samurais é bastante simples: os camponeses de uma aldeiazinha estão sendo explorados por um bando de homens armados que vive da exploração dos camponeses da região. Todo ano, saqueiam as aldeias. Esse fora um ano difícil, não há arroz suficiente para os camponeses, quem dirá para o bando.

A história começa quando o tal bando chega à aldeia e avisa que passará ali no mês da colheita para buscar todo o arroz. Os camponeses são miseráveis e não poderão sobreviver após esse saque. Ficam entre resignar-se, e entregar todo o fruto do seu trabalho ao bando, ou lutar. Logo deparam-se com sua prórpia impotência, são camponeses, seu ofício é o plantio, entendem de terras e sementes, não de armas e espadas. Não sabem lutar.

Resolvem então contratar samurais que lhe ensinem a combater. Têm muito medo e pouca confiança em si mesmos, mas a solução dá uma esprança aos aldeões. Não têm como pagar os serviços de um samurai, mas vão mesmo assim à cidade à procura de ajuda. Na cidade são ridicularizados pro seus modos caipiras, sua fraqueza e pobreza.

Acabam por comover um grande samurai, que consegue convencer outros cinco a ajudar os camponeses na batalha em troca somente de algum arroz. Um homem bêbado que quer ser samurai - mas não é - acompanha o grupo, e acaba conquistando o direito de pertencer ao grupo por mostrar-se honrado e entender os camponeses.

O grupo de sete homens chega à aldeia, que se esconde cheia de medo. Logo há uma aproximação e grande parte do filme gira em torno da vida dos samurais na aldeia. Eles têm um ou dois meses para preparar todos para a guerra. Treinos e estratégias.

Os samurais são nômades, vivem à parte da sociedade, não têm família, não têm laços afetivos, não têm um lugar. Percorrem as cidades à procura de trabalhos. Os camponeses vivem suas vidas sempre no mesmo lugar, casam-se, criam seus filhos, são enterrados em lugar próximo.

O agricultor e o guerreiro.

Ao agricultor cabe cultivar, plantar-se num espaço, ficar ali por um longo período de tempo, colher os frutos, fazer filhos, uma vida no tempo, longa. Ao guerreiro cabe percorrer espaços, onde houver pagamento, onde for chamado, ele vai, e deve estar preparado a todo instante para a morte honrosa, o samurai não pode temer a morte e vive, sob seu código de conduta e honra, uma vida percorrida através de diferentes espaços, no tempo presente, provavelmente curta.

O samurai não tem uma casa, jamais pode ser agricultor, leva consigo tudo o que precisa e não pode apegar-se a ninguém, é um solitário, quase um pária da sociedade, que vive o tempo presente dentro do caminho do bushidô.

Nesse momento de treino os camponeses têm que aprender a ser guerreiros - perder o medo, ganhar postura, prontidão, aprender o manejo das armas - e os sete samurais vivem uma vida de camponeses - plantam, cuidam das crianças, participam do dia-a-dia da aldeia, criam laços, apaixonam-se.

Surgem muitos conflitos, muitos camponeses ficam achando que seria melhor entregar tudo a arriscar perder a vida. Entre os samurais surge até um desejo de abandonar a vida de samurai, construir uma casa, plantar algo, ter família e a vida passa a ter mais valor.

Finalmente, chega o tempo da batalha.

É na guerra (diante da morte) que os propósitos de cada um são testados e que o sentido da vida de cada um ganha força e significado. Aos samurais cabe o sacrifício da própria vida, não por dinheiro mas pela dignidade e possibilidade de manutenção da aldeia e dos agricultores. Eles também ganham dignidade e morrem como heróis, e como heróis são lembrados. Sobre a montanha que ladeia a aldeia, agora segura, repousam suas sepulturas. Suas espadas são suas lápides.

A canção sobre o herói:


Todo herói deve ser lembrado. O helenista Jean Pierre Vernant comentava que Ulisses precisava voltar para casa, para sua Penélope, principalmente para poder ser cantado pelos poetas. O herói grego torna-se herói quando sua história vira canto.

Na excelente série Heroes o grande momento que dá dignidade e força ao Hiro ( perfeita encarnação de um herói) é quando seu amigo Endo lhe diz que ele será lembrado, como são lembrados o Super Man, os guerreiros Jedis de Star Wars, o surfista prateado. Hiro é ele mesmo personagem de história em quadrinhos, relatos de sagas heróicas, e vive sua história para fazer juz à história em quadrinhos em que ele é um herói. Vive-a não para ser cantado, mas porque já foi desenhado.



O dilema do herói:

Sempre na história do herói surge um momento de crise interna. Uma vontade de pertencer, de fazer parte, de ser normal, criar laços, fazer filhos, viver na aldeia e fazer parte dela, de fato. O homem aranha, o batman... todos eles enfrentam esse dilema, geralmente despertado por alguma mulher, mas não necessariamente.

Ao mesmo tempo que amam e querem viver uma vida normal, têm poderes e junto aos poderes vem uma responsabilidade: viver na normalidade significa abrir mão do uso dos poderes, e aí surgem dilemas éticos. Pois a aldeia precisa do herói, o poder do herói pode salvá-la, e herói deve sacrificar-se. É meio triste, a figura do herói.

Há aqueles que usam seus poderes para ganho próprio, e esses são os vilões, fundamentais também. O herói usa seus poderes para ajudar o outro, para o bem comum; os vilões, para obter poder pessoal. Tisc, tisc, tisc...

No caso dos samurais e dos cowboys, o poder está na detenção da força, do gatilho rápido, da espada mortal. Seus vilões também, sejam índios, seja o bando ameaçador, o inimigo também tem poderes, também sabe manejar armas, são quase tão rápidos no gatilho. Em Heroes o poder é fruto de alguma mutação genética.

Enfim, seja qual for seu poder e história, o herói sempre enfrenta esse dilema: deve estar fora da sociedade para protegê-la.

Esse é o grande conflito da série Heroes, dos X Man, do Homem Aranha, do Superman, do cowboy, do samurai. O lobo solitário, por exemplo, fica com seu filho somente a partir do momento em que seu filho escolhe o caminho do lobo, que é o caminho da meifumadô, do inferno, uma vida que não está nem no plano da vida nem da morte, uma espécie de limbo. Esse pai vaga com seu filho, não têm casa, não têm laços, Daigoro não tem amigos e vive sempre no presente, tanto ele como seu pai estão sempre preparados para a morte, e não a temem.


Em Sete homens e um destino esse conflito é mais explicitado que no original japonês. A certa altura, dois cowboys conversam sobre a vida do cowboy:
Casa: nenhuma.
Esposa: nenhuma.
Filhos: nenhum.
Perspectivas: zero.
Lugares ao qual se apega: nenhum.
Pessoas que te seguram: nenhuma.
Homens para os quais você dá passagem: nenhum.
Inimigos: nenhum.
- Nenhum inimigo?
- Vivo, nenhum.
Escreva uma canção sobre nós, é o que podemos pedir.

O destino nobre do herói é esse sacrifício, e com a boa morte eles conquistam o direito de ser cantados.


A questão da soberania e o Estado de Exceção:



Giorgio Agamben é um filósofo italiano que escreve sobre a questão da soberania. Ele diz que a Lei se inaugura na força, isto é, para que a lei seja implantada há que haver um dispositivo de força que será usado contra aqueles que a violarem, todos estão submetidos à força da lei, e é assim que a constituição é implantada, e junto com ela, o Estado moderno. Já falei em outra resenha que os filmes de farwest tematizam essa implantação do Estado Americano no ambiente selvagem, desértico e bárbaro ( a barbárie representada pelos índios) que é o far west. Em Heroes há a questão da salvação do mundo, e por mundo entenda-se Nova York. A fronteira do far west é a fronteira da ausência da lei, e por isso ali o cowboy é necessário, por isso os samurais foram necessários. Ainda bem que no caso dos verdadeiros heróis há um código de honra que os faz agir dentro do caminho do bem.

No caso de Estado Soberano já sabemos que não é sempre assim. O que Agambem fala, que é interessante, é que o o Soberano que impõe a lei está fora dela. Ou seja, o Estado pode decretar a qualquer momento um Estado de Exceção que lhe permitirá infringir todas as leis ( torturar, matar, prender, etc... ) Nesse Estado, a vida dos cidadãos perde significado e valor, e transforma-se no que Agamben chama de “vida nua”, uma vida que pode ser matada sem que isso signifique assassinato. O Soberano está fora das leis da sociedade para poder manter a própria sociedade, e isso significa, para Agamben, que a qualquer momento qualquer vida pode deixar de ser uma vida cidadã ( com direitos, deveres) e se tornar uma vida nua.


O interessante é que esse Estado de Exceção é imposto justamente quando se crê que a lei e a sociedade estão em risco. Jack Bauer, da série 24 horas, ilustra com perfeição tudo isso. Diante de um perigo de destruição do mundo, ele pode e deve matar, torturar, invadir embaixadas, etc. Ele está fora da lei. Em uma das temporadas, ele inclusive se demite para poder matar mais à vontade, depois é readmitido de novo. Os Estados Unidos de Bush, sob ameaça, também restringem direitos de seus cidadãos e com as fotos de Guantánamo vimos o que é a Vida Nua.

Na raiz da própria soberania está a violência e a ameaça do seu uso, o farwest é ( ou pode ser) aqui.

Enfim, a figura do herói e seus belos dilemas sempre existiu.

No homem que matou o facínora esse conflito entre a lei e a força também é tematizado (leia a minha resenha sobre o filme aqui, essa é uma espécie de continuação daquela). Os super heróis têm seus códigos, e na ficção, os do bem costumam vencer.

O perigo é quando o soberano, também ele um fora da lei, toma para si decidir o que é a normalidade e quais os riscos que permitem que ele use seu poder de força sem precisar estar dentro da lei. Os produtores de 24 horas dão palestras e aulas para o exército americano. Não é à toa. Na aldeia, a voz da democracia deve vencer, e todos têm seus direitos e deveres, iguais. Quando o soberano resolve virar herói e sacrificar esses direitos, estamos dentro do campo do fascimo, e não dos heróis bacanas do mundo da ficção.

Quando o Estado e suas leis parecem falhar, surge o sentimento de que precisa-se de heróis, e isso é muito, muito perigoso.



posts relacionados:

As cordas de Ulisses

O homem que matou o facínora

Lobo solitário

O universo, os deuses e um homem.

Sobre Giorgio Agamben, o Idelber escreveu esse post aqui, com ótimos links:
Giorgio Agamben.

14 comentários:

  1. Puxa, Lulu, que post antológico! Adorei a "alivanhavada" do Agamben com esse tremendo filme do Kurosawa (com quem, confesso, sempre tive problemas, pelo andamento das narrativas). O que é mais assustador hoje em dia, como o seu ensaio deixa entrever, é que os mesmos que estão em condições de ditar leis no mundo (ou seja, aqueles em condições de decidir sobre o estado de exceção) são justamente aqueles que mais transgridem a lei estabelecida por eles mesmos; não conseguem exercer sua soberania sem impor constantes estados de exceção à legalidade de sua própria lavra. O soberano como o pior criminoso: a assustadora frequência dessa figura no mundo do hoje faz do Agamben, acho, um pensador super atual -- como você nos mostrou aqui. Maravilha de post. Beijos,

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  2. eu te disse que a lulu era foda, idelber... :)

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  3. Querida Lulu:
    Sei que causará uma grande *comoção* eu afirmar que *sou* a sua leitora preferencial.;-)
    Claro que reconheço o direito de todos e de qualquer um discordar e até gostaria mesmo que o fizessem e o explicassem.
    Cuidado, porém: não estou dizendo que Lulu escreve para mim. Ou, o que seria tolice rematada, que só eu "entenda" o que ela escreve.
    Estou dizendo algo que é absoluta e justamente o inverso, Ok?
    Eu por mim, explico, de imediato.
    Tenho sempre em mente que os posts da Lulu são feitos -independentemente dela mesma -para preencher uma necessidade que eu tenho de relacionar-me com idéias.
    E principalmente algumas idéias onde há convergência ou divergência de formas de *visão do mundo* ( Weltanschauung. E possivelmente haverá muitos e muitos leitores da Lulu que sentem o mesmo que eu.
    Esclarecido isto, eis-me então a dialogar, num primeiro momento, numa primeira lida, com post ainda "quentinho", recém-postado.
    Este diálogo é algo que em crítica significa (como todos sabem) a electìo e o kritêriom
    *a escolha e o preparar-se para o reconhecimento da distinção*.
    Pois bem, o que mais eu valorizo neste post e nos demais que com ele se relacionam e que acompanhei, li, refleti sobre eles é a análise da construção e origem da formação social. Atual, presente, mas sempre buscando suas *origens* e também seus *começos* (sabendo-se que um é diferente de outro)
    Aqui está o fulcro de todo o valioso projeto de Lulu:
    "O que está em questão, especialmente em Os setes samurais é a ética e a vida do herói."
    Poderia alguém concordar com isso? Poderia alguém discordar disso?
    É tarefa de pensamento e reflexão.
    O filme (belíssimo e admirável) *OS SETE SAMURAIS* é, na obra bastante desigual de Akira Kurosawa, o que mais se assemelha, ao nobre gênero do *western*. De fato, quando Lulu une a figura do hérói e sua atuação (sempre a definitiva)na Pólis ou o que seja seu equivalente), está mostrando o enraizamento grego ( perfeita a alusão a Jean-Pierre Vernant onde se ancora uma ontologia e uma deontologia: a questão da ética e a formação social. O egenho so recurso da divisão de papéis! Com todas as implicações, inclusive as de ordem das pulsões, do sofrimento, da justiça e do desejo. (Do mesmo modo que quem quiser estudar o RASHOMON verá que o filme nos remete à questão *VERDADE X REALIDADE - Rashomon tem seu correspondente no cinema ocidental, americano, notadamente.) E faz isso muito bem , inclusive já tendo antes escrito sobre o surgimento da Lei como fato social originário de uma ruptura muitas vezes violenta.

    Eu acho que este comentário está tão grande não será lido, mas o que poso fazer, não fui contemplada com o poder da síntese:o( - porém, se alguém teve a generosidade de ler-me até aqui, saberá que (ou recordará mais uma vez) que fico estarrecida com a mais tênue possibilidade de que nos seja subtraído o texto vigoroso, elegante e magistralmente (bem) fundamentado nas preciosas *leituras luluzísticas* com que a Lulu nos presenteia e nos faz viver uma vida mais rica nisto que é tão importante para mim, o blog(ue), o instrumento (mídia) blog(ue), hoje em dia tão batido e atacado: ora vejam...
    E para (não) finalizar eu diria que
    ainda de forma subjetiva (ou seja subjetivo no sentido de pessoal, particular, mas sujeita à reflexão) eu obtive, pela primeira vez a resposta que eu tanto fazia no Sub Rosa:
    "Gente, o que vocês acham de Heroes? E do encantador e adorável HIRO, samurai mais ontemporâneo e explícito não podia ver [(a não ser no filme do Tarantino e a espada de Uma Thurman:-))] e por que tendo poderes (novamente, como em todos os heróis, nascido de algo que lhe atinge de forma diferenciada)tal como os outros personagens também têm, sejamos levado a escolhê-lo como o representantde do Herói em opsição tavez a Sylar tsss.... the vilain;-)
    =-=-=
    Obrigada, Lulu por ter sido taão abrangente neste, concordando com um juízo emitido pelo Idelber, neste seu *ENSAIO*.
    E o *ensaio* (essai) como o nome diz desde sempre, mas se pode ver melhor em Montaigne é o que está mais sujeito à recorrência, à brevidade e ao diálogo reflexivo.
    Seus posts têm aunidade eu porjeto e mais uma vez digo que serão referância em mais este ampo de estudos.
    Um beijo, na madrugada, e mais um outro para Clé.
    Meg Guimarães.

    P.S. Não tenho como expressar mais enfaticamente o brilhantismo da escrita de Luana.
    Parabéns , Lulu: belamente vencido o desafio a que se propôs.
    ===

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  4. Errata:
    Seus posts relacionais têm a unidade de um projeto e mais uma vez digo que serão referência em mais este OUTRO* campo de estudos.

    beijo de seis da manhã:-)
    P.S Não sou eu que digito mal: o teclado é que não acompanha a velô do meu pensamento.;-)))
    M.

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  5. Idelber,
    puxa!!! Obrigada!!
    Então, é isso mesmo, não só temos soberanos criminosos como também populaçôes que aplaudem e aprovam essa criminalidade. Que bom que deu para perceber que essa é a questão principal do ensaio: o lugar do soberano como herói e os perigos daí recorrentes.
    Concordo inteiramente com você: aí, no hommo saccer, está o maior valor de Agamben como um pensador precioso dos dias de hoje.
    obrigada por vir aqui dar uma lida.

    Um grande abraço,
    Luana.

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  6. Meg querida,

    eu falei que esse post era continuação de nossas conversas. A tal da abrangência é bem arriscada, porque periga a gente não falar direito de nada, mas é um começo, né? E sim, há uma unidade de pensamento aí, totalmente inspirada no Agamben e no que venho pensando sobre filmes de faroeste, que são questões sobre lei, civilização, fascismo, criminalidade e normalidade.
    Adoraria falar também sobre Rashomon. E Shakespeare nessa história toda? Trono de sangue do Kurosawa é bacana também, não? Tanta coisa!

    sabe que nem tinha visto sua pergunta lá no sub rosa sobre o hiro?
    enfim, as comunicações se dão por vias que a própria razão desconhece.

    obrigada por ser minha leitora,
    um beijo grande,
    Luana.

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  7. Lulu,

    Que post lindo! Akira kurosawa... Vou indica-la no blog...

    Beijos!

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  8. Lulu,
    Sua postagem me fez viajar. Além de adorar os dois filmes: Os Sete Samurais e Sete Homens e Um Destino, também tenho esse fascínio por heróis. Imediatamente pensei nos meus. Pedrinho, sem dúvida, foi o primeiro. O Rim-Tim-Tim foi outro. Depois Tarzan, Super Homem, Fantasma, tantos... Gosto demais de histórias com samurais. Recentemente li Musashi, não sei se você conhece. Escrito por Eiji Yoshikawa, conta a história de Miyamoto Musashi, que viveu de 1584 a 1645, e criou o estilo de luta com duas espadas. É um calhamaço em dois volumes, mais de mil páginas, que devorei em uma febre que me dominou por algum tempo. Concordo com sua análise. Tanto o samurai, como o mocinho dos filmes de bang-bang, seguem um código de conduta bastante parecido. E já que falamos em samurais, acho que poderíamos citar, do Tarantino, o Kill Bill. Outra delícia com a qual muito me envolvi.
    Beijão

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  9. Maravilha pura Luana. Tanto que arrisco um comentário mais longo ...

    É que acho interessante notar que os samurais do filme, que são Ronin, como o Lobo Solitário, sobreviventes da fragmentação do estado feudal japonês, estão "na ativa", na mesma época que os cowboys --- aí pela meiuca do séc 19 ... E são o 'masterless man' aquele que faz as próprias regras, mas obedece a um código de ética que é aceito pela sociedade como um todo ...

    O que me faz pensar em quem está ocupando esse espaço hoje em dia. Acho que ninguém. Tanto é que para escrever a minisérie Ronin do Frank Miller, ele precisou trazer um do passado ...


    Saliel

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  10. Oi Lulu, dirigindo-se ao meu querido Amigo Ideleber Avelar:

    >"Que bom que deu para perceber que essa é a questão principal do ensaio: o lugar do soberano como herói e os perigos daí recorrentes."

    Puxa, Lulu, estou consternada. Peço desculpas a você e a todos, pois falhei fragorosamente na minha leitura.
    Queiram desculpar.
    Puxa, era tão simples e eu vi mais coisas que deveria.
    Um beijo a você e um abraço a todos.
    Meg

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  11. Dona Meg,
    deixa de besteira. Num tem nada de simples em nada disso, e esse é um dos aspectos importantes dessa história toda. Você levantou outros (e esse também, como vc bem disse ao citar o homem que matou o facínora), super importantes, e a gente vai continuar conversando um monte, tá?
    Essa história de falhar fragorosamente... eu heim?
    please please, é tão bom transformar tudo isso em espaço de conversa e dicussão intelectual... continuemos, sempre.
    O soberano como herói é justamente o que você coloca do lugar da lei e da violência, usando suas palavras, "o surgimento da Lei como fato social originário de uma ruptura muitas vezes violenta."
    Sim, as questões do desejo, da honra e tudo o mais que vc levanta têm tudo a ver com isso. Não sei porque sua leitura seria dissonante. Sei que talvez não tenha dado devida atenção a ela, mas aí são os problemas que a ansiedade em responder causa. Vamos lá! amo dialogar com vc.
    obrigada novamente por me ler com tanta generosidade, sempre, e tão bem.

    Um beijo,
    Lu.

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  12. Alex,
    :-)
    ( obrigada)


    Marta,
    obrigada! beijo em vc.

    Lord,
    adorei seus heróis. são belos. Sim, Kill Bill é o máximo, delícia mesmo. Coneço sim o Musashi, mas nunca li, aquelas leituras que a gente fica adiando. Agora vc me deu vontade de partir para ela.

    Saliel,
    adorei a sua observação sobre os samurais do filme e os cowboys, bacana mesmo, obrigada.
    Hoje em dia, esses espaços são ocupados sim, mas justamente de modos mais perversos talvez, sei lá. Tudo isso merece mais reflexão.

    Obrigada a todos,
    Um beijo grande,
    Luana.

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  13. Oi!

    Vim pela indicação do Idelber, e realmente é um belíssimo post, parabéns!

    Quanto a Kurosawa e os heróis mencionados, vc simplesmente elencou vários dos meus preferidos, especialmente Itto Ogami. E também foi crítica na medida, relacionando o estado de exceção ao papel de certos "heróis".

    Tem um texto MUITO BOM do Maurice Blanchot, que se chama "A Razão de Sade", e que pode contribuir bastante com o que você mencionou, a respeito do Agambem. Lá, o Blanchot mostra como é que em Sade os privilegiados são sempre aqueles que estão mais acima, e também os mais abaixo da sociedade. Não os indivíduos médios, mas os radicalmente 'superiores' ou 'inferiores': políticos acima da política, e bandidos acima da Lei. Nesse tipo de atitude que residiria a questão da transgressão, e do Pensamento verdadeiro, para Sade... Muito interessante!

    abração,

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  14. Catatau!

    Oi!!

    Seja muito bem-vindo, e muito obrigada pela indicação do texto do Blanchot - um autor que eu gosto bastante- vou procurá-lo e te conto, ou conto por aqui mesmo.

    O Itto Ogami é o mááááááxiiiimooooo!!!

    Sim, continuemos trocando.

    Um abraço,
    Lulu.

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