terça-feira, 19 de dezembro de 2006

o natal das cozinheiras de madame

A matéria chama-se: "O natal das cozinheiras de madame" e saiu no excelente caderno de cozinha, ops, culinária ( mais chic, neah?) do Estadão, na quinta feira, dia 15. Como na quinta feira, dia 15, esse blógui ainda nem existia, comento hoje mesmo, terça, dia 19.

Bom, o natal das cozinheiras de madame resume-se a cozinhar para as madames, é claro. E a matéria traz aquelas receitas familiares (da madame) que só ELAS (as cozinheiras) sabem preparar. E olha só as pérolas que saíram:


"A advogada Adriana Lobo Viana já perdeu a conta: não sabe se Edeuzir dos Santos da Silva chegou à sua casa há dez ou onze anos. Mas pouco importa. É com se Déu já tivesse nascido ali, como parte da família."
Essa é básica, num podia faltar, onde já se viu empregada com história própria?

"A mineira Maria Aparecida Maciel já é uma espécie de patrimônio na casa da empresária Luiza Estima. Contratada como cozinheira da família há exatos doze anos, chegou sabendo apenas o básico. Hoje, comenta Luiza, é uma profissional completa - e das melhores."
Uma espécie de patrimônio é maravilhoso, não?


"Monika Galloni diz, da cozinheira da família há dez anos: "Ela começou como copeira e, hoje, pode supervisionar grandes eventos. Sempre que a empresa precisa, eu a empresto."
essa generosidade e despreendimento da nossa elite sempre me emocionam.

"Apesar de ser arquiteta, há um ambiente da casa que Flavia Ralston não sabe como funciona. A cozinha é território de Marluce Pereira, Marilena Santos e, eventualmente, sua sogra"
Adorei a outra colocando, eventualmente, a sogra na senzala!!!!

a última, uma verdadeira pérola:

"Lúcia Araújo não foi contratada por Lídia Faro. Foi herdada. ‘Ela trabalhava para a minha filha havia seis anos e há quatro anos está comigo.’ conta a patroa. O clima entre as duas é ótimo: Lídia deixa que Lúcia tome conta da cozinha. "Eu estava pensando em fazer uma salada com mousse de aipo para as fotos, mas ela se recusou, porque achou que não combinaria com o prato de bacalhau. Pode?" diz Lídia, às gargalhadas."
Pode?

Mas ainda bem que a escravidão já acabou faz tempo e ninguém nem sabe mais o que é isso. Ufa

2 comentários:

  1. Lu,

    gostei da reunião das históirias. Isoladas elas não dizem muito, mas em conjunto revelam o lado perverso da relação de classe/trabalho. Mas sabe que eu fiquei pensando? Há algo ruim com essas dondocas também, imagine, por exemplo, onde estão os maridos delas quando elas exercem o direito de escravidão das moças que cozinham...

    JC

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  2. Querido JC,
    certamente há algo ruim e estranho com essas dondocas também...sim... imagino onde estão os maridos...é isso aí.

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