1. mea culpa:
Estou em falta com esse blogue. Eu que escrevo todos os dias, por princípio e disciplina, nesse mês de maio andei fraquejando. Outro dia até minha mãe ligou, cobrando. Juro, levei até bronca de mãe. Uma mistura de final de trimestre escolar, com uma canseira de meio de ano, com muitas coisas acontecendo na vida. A semana passada foi especialmente complicada: meu avô fez noventa anos, sábado tivemos uma festa linda de dançar até seis da manhã, mil compromissos sociais, um monte de coisas para contar, uma falta de tempo crônica.
O problema do adiamento da escrita é que, no caso de blog, se o momento se perde, muitas vezes ele não pode mais ser recuperado. Quando as palavras pressionam para serem escritas, há que obedecê-las, senão elas ficam vingativas e não voltam mais. Desaparecem, e aí tchau. Para não correr esse risco, comprometo-me a voltar à rotina de um post diário, sem falta, com a coragem e o desencanamento necessários para tal, sobre o que for, o que estiver pedindo para ser contado, naquele dia, todos os dias.
Enquanto isso, vou aos poucos também escrevendo os assuntos pendentes, os posts que ficam sendo escritos e reescritos mentalmente, e que acabam me tirando o sono, como esse dos tais blogues que me fazem pensar.
2- O tal do Thinking Blogs Award:
A indicação dos tais Thinking Blogs Awards não é um prêmio, mas sim um uma espécie de Même bacana, onde vc indica, dos blogs que lê, aqueles que operam sobre vc de maneira específica, fazendo pensar. Fui indicada por duas pessoas que respeito imensamente, e isso para mim significou um monte.
os blogues qu eme fazem pensar são muitos. Gosto de ler blogues. Passei a gostar, ano passado mal sabia o que eram blogues, nesse ano entrei nessse mundo, que ainda estou descobrindo.
Gosto muito de blogues pessoais, bem escritos, blogues de afinidades semelhantes a esse daqui, que tratam de literatura, escrita, artes, cultura, cinema, amor e sexo. Blogues que contam do dia a dia, blogues confessionais, engraçados, despretensiosos. Os que mais gosto, e que visito todos os dias, estão listados ao lado, no lulu lê.
Há alguns específicos, porém, que têm a ver com minha trajetória por essas bandas daqui. Um que me faz pensar pela qualidade do escritor, outro pelo modo como trata os livros, pela qualidade do leitor.
Ficam faltando três, sobre os quais escrevo em outro post, porque um dos problemas de não escrever diariamente é que fico descontroladamente prolixa, e se o povo não lê nem tanta notícia, imagine posts quilométricos....
Então me desculpem pelo título mentiroso.
3- Hoje, falo sobre dois blogues que me fazem pensar.
LIberal, Libertário, Libertino. ( ex. Agora: Radical, Rebelde, Revolucionário. Ai, ai...)
O Alex me conquistou através de suas crônicas e contos. Uma vez, quando começava a navegar por blogues, o Inagaki comentou e publicou o conto A porta, uma obra prima que o Alex escreveu ( o conto está disponível on line na íntegra, aqui ). Fiquei impressionada, como uma coisa assim boa podia existir na internet? Bobeira e preconceitos de iniciante.
No mesmo dia, um domingo aí qualquer, entrei no LLL e me perdi - o cara é especialista em usabilidade em internet e eu não entendi o funcionamento do site dele, imaginem... - escrevi reclamando, comprei o livro de contos, escrevi agradecendo, e eu e o Alex nos tornamos amigos.
Toda a parte das prisões, das idéias polêmicas e tal, acho até legaizinhas, mas o Alex guru não me interessa tanto, embora tenha todo respeito do universo por pessoas que se posicionam, sustentam suas idéias e expressam suas opiniões.
Essa postura em cima do muro, apaziguadora, tão comum por essas bandas, enche e não leva a lugar nenhum, o Alex se posiciona, é inteligente e alimenta debates importantes.
Mas o cara é, além de excelente leitor, sobretudo um grande narrador, um grande escritor, dos melhores que há. Aí está a melhor qualidade e, ao meu ver, a verdadeira vocação do Alex - enquanto ele quiser, enquanto durar a vontade de escrever - ele é um grande escritor de literatura.
A literatura do Alex não se rende a nenhum modismo desses que assombram os novos escritores de literatura brasileira. Tem estilo, é sóbria, direta, sabe das palavras e da narrativa, distancia-se do escritor, ganha vida própria, trata de temas grandes com humildade ( no bom sentido da palavra) e de temas pequenos com grandeza.
Uma literatura sensível sem ser piegas, generosa nas descrições dos sentidos ( cheiros, sons, tatos, cores, são sempre elementos importantes nas narrativas do Alex), sempre à procura da palavra exata; uma literatura de enredos cheios e ao mesmo tempo concisos, sem sobras e sem exaltações ao próprio eu ( ah.. que alívio!) , o Alex cria e sabe contar boas histórias.
Eu espero que o Alex cada vez escreva mais literatura, o livro de contos dele Onde perdemos tudo é talvez o melhor livro de literatura contemporânea que li nos últimos tempos.
E o Alex faz pensar também porque, mesmo sendo um grande escritor, e tendo os milhares de leitores diários que tem, encontra dificuldades para publicar no Brasil brasileiro, e para alcançar um status de Escritor de literatura - e esse é um debate interessante - não adianta: tem que publicar em papel.
E muitas vezes as editoras no Brasil têm razões que a própria razão desconhece. Ele e o Bia, fazem pensar sobre isso.
Sobre o que é ser escritor, sobre o papel dos blogues na cultura e no ( pouco) espaço dado à literatura e à escrita no Brasil; sobre políticas de publicação e alternativas que a internet pode proporcionar, sobre políticas editoriais e status.
Afinal, quando um escritor de literatura se torna um escritor? Quando é lido por milhares de pessoas diariamente, mesmo que seja on line? Quando publica seu primeiro livro em papel, mesmo que seja por uma editora tão pequena que o livro fica praticamente inacessível? Quando ganha as páginas dos jornais culturais? Quando encontra um padrinho peso pesado? Quando publica por uma grande editora? Quando ganha prêmios? Quando, simplesmente, decide que não pode viver sem a escrita, se exercita nisso diariamente, e escreve bem?
Questões complicadas, que merecem um post em si, mas o Alex, sendo o escritor que é, sempre me faz pensar sobre tudo isso.
E além da literatura, a nossa amizade foi uma das coisas mais bacanas, belas e divertidas que me aconteceram desde que entrei nesse mundo de internet e blogues. E como esse mundo pode proprocionar relações verdadeiras e profundas é algo que ainda me enche de espanto. Um espanto bom.
Falando em todo esse assunto - livros, internet, e talz - visite o blogue do Biajoni sobre o romance Sexo Anal, uma Novela Marrom, que eu também adoro e resenhei aqui.
E principalmente, leiam os livros desses caras, que são bons `a beça.
Estou em falta com esse blogue. Eu que escrevo todos os dias, por princípio e disciplina, nesse mês de maio andei fraquejando. Outro dia até minha mãe ligou, cobrando. Juro, levei até bronca de mãe. Uma mistura de final de trimestre escolar, com uma canseira de meio de ano, com muitas coisas acontecendo na vida. A semana passada foi especialmente complicada: meu avô fez noventa anos, sábado tivemos uma festa linda de dançar até seis da manhã, mil compromissos sociais, um monte de coisas para contar, uma falta de tempo crônica.
O problema do adiamento da escrita é que, no caso de blog, se o momento se perde, muitas vezes ele não pode mais ser recuperado. Quando as palavras pressionam para serem escritas, há que obedecê-las, senão elas ficam vingativas e não voltam mais. Desaparecem, e aí tchau. Para não correr esse risco, comprometo-me a voltar à rotina de um post diário, sem falta, com a coragem e o desencanamento necessários para tal, sobre o que for, o que estiver pedindo para ser contado, naquele dia, todos os dias.
Enquanto isso, vou aos poucos também escrevendo os assuntos pendentes, os posts que ficam sendo escritos e reescritos mentalmente, e que acabam me tirando o sono, como esse dos tais blogues que me fazem pensar.
2- O tal do Thinking Blogs Award:
A indicação dos tais Thinking Blogs Awards não é um prêmio, mas sim um uma espécie de Même bacana, onde vc indica, dos blogs que lê, aqueles que operam sobre vc de maneira específica, fazendo pensar. Fui indicada por duas pessoas que respeito imensamente, e isso para mim significou um monte.
os blogues qu eme fazem pensar são muitos. Gosto de ler blogues. Passei a gostar, ano passado mal sabia o que eram blogues, nesse ano entrei nessse mundo, que ainda estou descobrindo.
Gosto muito de blogues pessoais, bem escritos, blogues de afinidades semelhantes a esse daqui, que tratam de literatura, escrita, artes, cultura, cinema, amor e sexo. Blogues que contam do dia a dia, blogues confessionais, engraçados, despretensiosos. Os que mais gosto, e que visito todos os dias, estão listados ao lado, no lulu lê.
Há alguns específicos, porém, que têm a ver com minha trajetória por essas bandas daqui. Um que me faz pensar pela qualidade do escritor, outro pelo modo como trata os livros, pela qualidade do leitor.
Ficam faltando três, sobre os quais escrevo em outro post, porque um dos problemas de não escrever diariamente é que fico descontroladamente prolixa, e se o povo não lê nem tanta notícia, imagine posts quilométricos....
Então me desculpem pelo título mentiroso.
3- Hoje, falo sobre dois blogues que me fazem pensar.
LIberal, Libertário, Libertino. ( ex. Agora: Radical, Rebelde, Revolucionário. Ai, ai...)
O Alex me conquistou através de suas crônicas e contos. Uma vez, quando começava a navegar por blogues, o Inagaki comentou e publicou o conto A porta, uma obra prima que o Alex escreveu ( o conto está disponível on line na íntegra, aqui ). Fiquei impressionada, como uma coisa assim boa podia existir na internet? Bobeira e preconceitos de iniciante.
No mesmo dia, um domingo aí qualquer, entrei no LLL e me perdi - o cara é especialista em usabilidade em internet e eu não entendi o funcionamento do site dele, imaginem... - escrevi reclamando, comprei o livro de contos, escrevi agradecendo, e eu e o Alex nos tornamos amigos.
Toda a parte das prisões, das idéias polêmicas e tal, acho até legaizinhas, mas o Alex guru não me interessa tanto, embora tenha todo respeito do universo por pessoas que se posicionam, sustentam suas idéias e expressam suas opiniões.
Essa postura em cima do muro, apaziguadora, tão comum por essas bandas, enche e não leva a lugar nenhum, o Alex se posiciona, é inteligente e alimenta debates importantes.
Mas o cara é, além de excelente leitor, sobretudo um grande narrador, um grande escritor, dos melhores que há. Aí está a melhor qualidade e, ao meu ver, a verdadeira vocação do Alex - enquanto ele quiser, enquanto durar a vontade de escrever - ele é um grande escritor de literatura.
A literatura do Alex não se rende a nenhum modismo desses que assombram os novos escritores de literatura brasileira. Tem estilo, é sóbria, direta, sabe das palavras e da narrativa, distancia-se do escritor, ganha vida própria, trata de temas grandes com humildade ( no bom sentido da palavra) e de temas pequenos com grandeza.
Uma literatura sensível sem ser piegas, generosa nas descrições dos sentidos ( cheiros, sons, tatos, cores, são sempre elementos importantes nas narrativas do Alex), sempre à procura da palavra exata; uma literatura de enredos cheios e ao mesmo tempo concisos, sem sobras e sem exaltações ao próprio eu ( ah.. que alívio!) , o Alex cria e sabe contar boas histórias.
Eu espero que o Alex cada vez escreva mais literatura, o livro de contos dele Onde perdemos tudo é talvez o melhor livro de literatura contemporânea que li nos últimos tempos.
E o Alex faz pensar também porque, mesmo sendo um grande escritor, e tendo os milhares de leitores diários que tem, encontra dificuldades para publicar no Brasil brasileiro, e para alcançar um status de Escritor de literatura - e esse é um debate interessante - não adianta: tem que publicar em papel.
E muitas vezes as editoras no Brasil têm razões que a própria razão desconhece. Ele e o Bia, fazem pensar sobre isso.
Sobre o que é ser escritor, sobre o papel dos blogues na cultura e no ( pouco) espaço dado à literatura e à escrita no Brasil; sobre políticas de publicação e alternativas que a internet pode proporcionar, sobre políticas editoriais e status.
Afinal, quando um escritor de literatura se torna um escritor? Quando é lido por milhares de pessoas diariamente, mesmo que seja on line? Quando publica seu primeiro livro em papel, mesmo que seja por uma editora tão pequena que o livro fica praticamente inacessível? Quando ganha as páginas dos jornais culturais? Quando encontra um padrinho peso pesado? Quando publica por uma grande editora? Quando ganha prêmios? Quando, simplesmente, decide que não pode viver sem a escrita, se exercita nisso diariamente, e escreve bem?
Questões complicadas, que merecem um post em si, mas o Alex, sendo o escritor que é, sempre me faz pensar sobre tudo isso.
E além da literatura, a nossa amizade foi uma das coisas mais bacanas, belas e divertidas que me aconteceram desde que entrei nesse mundo de internet e blogues. E como esse mundo pode proprocionar relações verdadeiras e profundas é algo que ainda me enche de espanto. Um espanto bom.
Falando em todo esse assunto - livros, internet, e talz - visite o blogue do Biajoni sobre o romance Sexo Anal, uma Novela Marrom, que eu também adoro e resenhei aqui.
E principalmente, leiam os livros desses caras, que são bons `a beça.
Eu não conheço o Paulo e não o conhecia antes de encontrar o blogue dele. Isso também é interessante na rede, a gente encontra pessoas sem saber o que ou quem elas são, sem ter referências anteriores, e se isso por um lado pode ser perigoso - dá que a pesssoa é uma louca assassina...? - também é muito bacana, pois permite encontros verdadeiros, de certa maneira despidos de opiniões pré-concebidas ( quer dizer, na internet, uma pessoa interessante e talentosa pode encontrar um espaço que não encontraria jamais na imprensa ou nos meios de escrita impressa. É verdade que o mesmo vale para uma pessoa desinteressante e sem talento algum...).
Eu falo muito sobre livros, mas não sei falar sobre livros. Às vezes, nas minhas aulas de literatura com as crianças, tenho vontade de ler o livro em voz alta, a aula inteira, e só. Terminada a aula, interrompo a leitura, e falo assim: "legal, né? na aula que vem continuamos." E pronto. E a aula de literatura podia ser só isso, aula de ler. Sem que eu falasse uma palavra sobre a coisa lida. Que o livro falasse por si. E pronto.
Quer dizer, às vezes, a maioria das vezes, fico achando que não tenho nada, absoutamente nada, para acrescentar à obra. Que aos leitores, cabe ler, e pronto. Que toda discussão é vã. Gostaram, ótimo. Querem discutir, vamos embora. Não gostaram, paciência, vamos ao próximo.
Fico perdida, perdida, não sei bem como tratar os livros; sei lê-los ( e isso salvou minha vida - não sei viver sem leitura) mas fazer resenhas, ler junto com os alunos, fazer crítica literária, pensar sobre os livros, é outro negócio.
O Paulo me parece ser um grande leitor. E sabe compatilhar isso. Como poucos.
De novo, os posts mais reflexivos dele, ou das listas que ele faz, são interessantes, as listas são curiosas porque fazem a gente lembrar das nossas próprias e traçam uma espécie de perfil, mas o que é bacana mesmo é quando ele conta dos livros que o tocaram profndamente. Ele faz uma espécie de relato de leitura, onde ao enredo da história se mistura o enredo da vida do leitor da história, da vida do Paulo.
Ao falar da matéria lida, o Paulo se expõe e fala de como o que foi lido significou para o que estava sendo vivido.
Lindo.
O Paulo se prende ao roteiro das histórias que resenha, faz uma leitura bem substantiva dos livros, fala da personalidade dos personagens, dos acontecimentos e da estrutura do enredo, sobre gêneros, e fala, principalmente, porque ficou tocado. É muito bonito o jeito como a literatura é lida e tratada nesse blog, bem subjetivo e ao mesmo tempo com muita propriedade. Me fez e faz pensar. Que talvez esse seja um caminho. Contar porque o livro nos diz respeito, porque e como o que acontece nesse mundo inventado toca nas coisas vividas.
(Leia, por exemplo, o post dele sobre um "clássico pessoal", quer dizer, um livro que é clássico em nossas vidas, mas não necessariamente na história da literatura: O Encontro Marcado. )
É como no Incidente em Antares do Érico Veríssimo em que um padre conta que foi falar com o bispo, dizer que não servia para ser padre, não tinha muita fé, duvidava das coisas, vivia em intensa contradição, aflição e angústia e que sua fé estava por um fio, aí o bispo disse pra ele que ao menos ele tinha este fio e não era como os outros padres arrogantes que se diziam grandes homens de Deus e na verdade eram os maiores pecadores.
ResponderExcluirEntende?
Pois é, então continue escrevendo e dando aula e contando tudo aqui, pe eu tô aprendendo muito com isso.
Abraço.
Janaína.