domingo, 11 de fevereiro de 2007

Primeiras leituras

Ao final, quando perguntei sobre as leituras na escola, sobre as primeiras leituras de cada um, tanta gente me escreveu, e de jeitos tão bonitos, que eu resolvi colocar algumas coisas aqui, num post só, até porque um leu algo que lemos e que nos lembra de algo, e assim vai. E não sei se todo mundo leu os comentários, e alguns ficaram muito legais.

E há poucas coisas mais bonitas que o encontro com a literatura, com livros de histórias, com a palavra escrita, poderosa. Fico mal quando algum aluno meu diz que nunca gostou de ler um livro, nenhunzinho. Eu digo que é como se ele nunca tivesse comido chocolate, visto o mar, sei lá. Porque ser devorada por um livro, ler devagar para que demore para terminar, ler e reler, querer decorar, se ver ali, é um ato de amor.

Selecionei alguns depoimentos que apareceram nos comentários. Aqueles que me presentearam com textos, o Fabiano, o Alberto e o Evandro, estão aqui, e aqui.

Nos comentários...

o Fábio escreveu:

A primeira recordação é de um livro que mexeu muito comigo, lá pelos dez anos: “Meu Pé de Laranja Lima”, do José Mauro Vasconcellos. Eu lembro até da edição! Eu contei para um amigo, do qual já nem lembro o nome, acho que Ricardo, como havia chorado com a morte de um personagem, um senhor português, e chorei copiosamente, e ele me olhou como se eu fosse um louco. Bom, logo percebi que o RIcardo era um bom amigo para criarmos préas e galinhas de codorna, mas nunca mais falamos sobre livros, e continuei a chorar, a rir, a sonhar, a passar noites em claro lendo livros que foram uma tábua de salvação de minha infância e boa parte da adolescência.

Ainda no 1º grau (como a gente falava à época), lembro da Coleção Vaga-Lume. Era tudo para mim! E fiz amigos leitores, e com eles competia para saber quem lia mais títulos da coleção, cujas capas apareciam perfiladas no verso dos exemplares.Eu me diverti muito lendo as aventures do Xisto; lembro também de algo como “Assassinato no Hotel Cinco Estrelas” (em Taubaté só havia um hotel quatro estrelas, que ficava no caminho da escola, e tentava imaginar como seria um 5 estrelas, mas o 4 estrelas de minha cidade era meu cenário imaginário enquanto lia esse livro). Recordo-me também de “Cabra das Rocas”, “O Feijão e o Sonho”, “Éramos Seis”, “Açúcar Amargo”. Eu não pensava nesses livros há pelo menos um 15 anos...

Eu devia ter uns 13 ou 14 anos quando descobri uma banca de jornais em uma praça em frente ao quartel onde levava meu cachorro para tomar vacinas. Fiz amizade com o dono (minha primeira amizade com um adulto que não fosse parente ou professor), e ele passou a me vender, por preço de custo ou fiado, os livros de uma coleção Agatha Christie, impressa em papel jornal. Eu mergulhava naquelas leituras quase que obsessivamente. Li todos. E guardo alguns até hoje. Foi minha primeira paixão. “Morte na Mesopotâmia”, “Punição para a Inocência”, “Noite sem Fim”, “Os Elefantes não Esquecem”, “Assassinato de Roger Akroyd”, “Convite para um Homicídio” (deste, eu descobri o assassino!!)...

Já na 8ª Série, li “Capitães da Areia”. Foi um choque. O sexo, a miséria, a violência (os assassinatos da Agatha Christie pareciam uma espécie de jogo, o que atribuo, retrospectivamente, à estrutura do romance policial na linha “who’s done it”).

Lembro ainda, na 8ª., de ter lido “Olhai os Lírios do Campo”, “O Ateneu” e o “Diário de Dany”, de Michel Quoist. Este último, eu gostaria de reler: lembro que gostei muito, mas não recordo nada da história, só que o protagonista tinha minha idade! Li também “Demian” do Hesse, mas não entendi muita coisa.

Ah, nesse anos, nas minhas férias em São Paulo, eu lia os “livros adultos” da minha irmã mais velha: J.M. Simmel, Sidney Sheldon, Morris West, Irving Wallace. Lembro de ter ficado muito impressionado com “São Lucas: Médico de Homens e de Almas”, do West. Outro livro que me empolgou foi “Os Ricos são diferentes”, o maior livro li nessa época, uma calhamaço, mas não lembro mais a autora, acho que era Susan... O final ficou na minha cabeça por dias...

Bom, até a 8ª série, acho que é isso. A lista do colegial fica para outro dia.

Luana, foi super legal, emocionante, reviver essas leituras graças a seu pedido...

7 de Fevereiro de 2007 22:32


a Dani escreveu assim:

Nossa, na adolescência, Lu? Eu lembro de 'Mal Estar na Civilização " de Freud. E também aquele sobre luzes e sombras do Merleau Ponty. Mas, peraí, adolescência pra mim é meio tarde, será? Porque tô falando de quando eu tinha mais ou menos uns 18...
ele disse - isto é adolescência, adolescência é até os 19...
eu - hum , pra mim foi até uns 21, acho...eu era tão mítida!
ele - então o que você leu na pré-adolescência?
eu - na pré-adolescência, fudeu! Eu só fazia namorar! Namorar e beber, não conseguia me concentrar em nada! Aliás , na adolescência também.
ele - isto que você tá falando é interessante.
eu - pra quê? Pra todo mundo ficar desesperado por saber quem eu sou?
ele - pois... isto sim é interessante.
eu ( pensando )- o amor é lindo mesmo
livros marcantes lidos dos 11 aos 16 :
A série Inspetora ( que é tipo Scooby Doo ), Diário de Anne Frank, Contos do Esconderijo, Polyana, Polyana Moça, Ballerina ( não tenho noção do autor ), Caçadores da Arca Perdida ( acredite se quiser, eu li o livro ), Lolita( mas, admito que preferi ver o filme ), Madame Bovary ( pra passar a guiar o bom gosto por leituras daqui pra frente ), depois veio A Caverna, de Platão, O Alienista de Machado,, uns Alvaro de Campos..." O anticristo " de Niestche...Memórias de Adriano, de Margeritte Youcenar... ( puta que pariu! a mulher escreveu em primeira pessoa e você acredita que é o imperador romano )...
... e da série filmes na pré-adolescência... lembro bem de quando vi Taxi Driver pela primeira vez e por aí vai...


A K, foi a K : ) :

Eu devorava livros desde o jardim de infância. Claro, as crianças normais iam brincar e correr e k ia com um gatinho de plástico prum cantinho da biblioteca (sol nem pensar. Nunca!) ler os livrões de bordas "de ondinha".

Não me fez feliz.

k


e a Brigitte, Brigitte :) :

eu sempre gostei de ler, desde pequenininha... qualquer coisa: livros, enciclopédias, fotonovelas, gibi da Turma da Mônica. sempre adorei tomar sol, sempre tive amiguinhos e "acho" que sou feliz, tem algo errado comigo????

e a Caki, lembrou dos cursos do Equipe. Esse povo que trabalha no Equipe....

Lu, acho que as dicas equipanas não valem né? Tipo Kafka na oitava e Becket no colegial. O curso de portugês do Equipe era total "on crack". Me sinto de férias para o resto da vida. Porém casada com professor de literatura é fuego, não terei férias nunca!

Gosto de leitores. E gosto de ver crianças lendo, acho bonito. Ler tem que ser como uma brincadeira, desde o começo, até agora. Ainda bem que existem livros, como falou o Fábio, eles salvam a gente.

da lulu, se você não conhece, leia também A biblioteca alheia, sobre nossas histórias e nossas bibliotecas.

sim, e como perguntaram, respondo aqui: sempre leio todos os comentários, mesmo de posts antigos, recebo aviso via e-mail quando chega um comentário novo. ;)

5 comentários:

  1. lu, em breve vou postar uma palestrinha que dei sobre o assunto, no encerramento do salão do livro infantil aqui.
    :>)

    ResponderExcluir
  2. Eu pensei em escrever direitinho sobre tudo isso, mas são tantos livros e tantos eixos que partem na perpendicular dessa reta cronológica das leituras... que desisti.

    Tem meu primeiro livro, que foi o meu E o do meu irmão pq eu aprendi a ler e catei o dele pra mim. Tinha uma coleção de livros amarelos que era do meu irmão mais velho e eu amava as ilustrações. Tem a fase de qdo eu quase morri e ganhei um livro sobre uma menina e o pé de romã. Depois, a fase menina, cortada por Schopenhauer(era o que tinha aqui), Allan Poe (aprendi inglês pra poder lê-lo no original), a fase junkie, a fase filosofia queen, a fase Bocage... Enfim... Vc sabe que não me sobra tempo pra botar isso direito no papel virtual.

    Mas me lembro até hoje do gatinho de plástico. k

    ResponderExcluir
  3. Bia,
    ôba!!!!!!!!!!!

    K,
    eu me lembro até hoje das Aventuras de Sofia.

    ResponderExcluir
  4. Eu tb me frustro quando meus alunos dizem que não gostam de ler. E o mais frustrante...é que são universitários ( !!!!!!!!!!!!).
    Eu leio furiosamente e delirantemente desde os sete , oito anos, consegui "converter" alguns..mas ainda falta muita gente.

    ResponderExcluir
  5. Vivien,
    sabe , eu não fico propriamente frustrada com meus alunos que não lêem, eu fico mais assim, pensando , puxa, que pena, vc não conhece esse prazer... não me sinto assim muito responsável, porque a descoberta da leitura é algo muito muito pessoal, e mais, solitário, e não dá para forçar. fico na torcida, mas enfim, tudo bem também, normal, na escola é normal e é inclusive um diretio, não gostar dos livros que a profesora indica.
    ;)
    Lu.

    ResponderExcluir