quarta-feira, 14 de março de 2007

O reino do Beleléu

Tem pessoas que conseguem ter sempre só um shampoo, um perfume e um batom no armário. E só compram um novo quando o que têm está acabando, antes de acabar. Eu tenho um monte, metade deles de frascos vazios, uma parte considerável fruto de compras impulsivas de produtos caros que no final eu não gostei, e os bons eu acabo perdendo, ou simplesmente não acho. Onde foi parar meu rímel? Cadê aquele meu batom?

Tem pessoas que usam a caneta bic até acabar. Eu sei, já vi. Meu dia começa com três canetas, uma vermelha, duas azuis, depois eu perco a azul, peço emprestado outra, acho a azul, fiquei com a emprestada, quatro canetas. Depois perco a vermelha, corrijo com azul mesmo, esqueço a azul em algum canto, uso a outra, e à noite não tenho mais caneta nenhuma. Cadê minha caneta?

Desisti do guarda-chuva, tenho uma relação toda especial com a água que cai do céu, me rendo a ela, ela é mais forte que eu, eu me molho, e não adianta. Uma vez comprei um e me prometi nunca tirá-lo de casa. Choveu. Percebi que não havia jeito, tinha que levá-lo comigo, afinal chovia, e é para isso que o bicho foi feito. Levei, era a primeira saída. O danado nunca mais reapareceu.

E entre o saco de roupas sujas e as roupas limpas de volta há um verdadeiro triângulo das bermudas. Meus sutiãs somem inexplicavelmente, aquela saia de que tanto preciso, porque ela, e só ela, ficará boa nesse dia ruim, sempre some também. Não está no varal, não está no cesto, não está em lugar algum. Acho que ela deve namorar o sutiã preferido, um dia descubro onde eles ficam.


Minha bolsa tem um fundo secreto, acessível somente de vez em quando. Uma vez ele se abriu e encontrei o par de brincos que procurava há séculos, duas contas antigas e a tal da quarta caneta, do parágrafo de cima. Fico com a impressão que há partes de mim em tudo quanto é canto, quando percebi, já era. Às vezes elas voltam, às vezes não.


O Reino do Beleléu fica logo aqui em casa, e anda comigo, enquanto passeio pelas ruas. E eu me perco tanto, e sou tão distraída, que um dia eu mesma acabo indo pra lá. Aí tchau, fico eu e os guarda-chuvas, e um monte de canetas, azuis e vermelhas.

8 comentários:

  1. Hahaha, eu acabo todas as canetas e borrachas. Eu sabia que eu tinha algum problema. k beijo

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  2. e viva o caos absoluto dos guarda-roupas, das bolsas e dos cosméticos!
    beijos

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  3. Lulu, estas parecendo minha filha ela nuca encontra o batom preferido, o shampoo sempre tem 2 ou mais abertos, o rimel nem te conto, o sutia e as meis sempre se perdem...afonal depois de ler seu post cheguei a conclusao que a pessoa que nao e normal aqui na minha casa sou eu...que sempre tenho que encontra o pwerdido no meio da bagunça...
    E viva a desordem alheia!!!

    Beijinhos do outro lado do oceano

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  4. É engraçado. Eu sou hiper organizada, mas isso não dói em mim. É natural. Só que eu já reparei que me junto a pessoas extremamente desorganizadas e esquecidas. Talvez pra atingir o meio termo, né?

    Pra mim é impensável a hipótese de mais de um shampoo aberto. Até sei quanto de shampoo e condicionador eu uso pra que os dois acabem na mesma hora. Pra serem substituídos pelo próximo par, que sempre está esperando. Hahahha...

    Isso só me irrita um pouco com relação a namorados. Eu sempre sei onde a chave tá, sei onde ele deixa a carteira, sei onde ele guardou sei lá o quê...

    Mas agora tomei e decisão de não saber um pouco, de relaxar em relação às coisas dos outros. k

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  5. Lulu, meu sonho é ser organizada, ser lunática por organização, meio Monica do Friends, sacumé?
    Mas estou bem longe, bem longe disso.
    O bom é achar algo que não se espera no fundo da bolsa ou da gaveta: sei lá, uma nota de 50 reais quando vc esta totalmente sem grana ou melhor do que isso, um desenho que vc ganhou de presente e guardou pra não olhar nunca mais.;0)

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  6. vivien, o bolinha acha que você deve ser uma pessoa muito especial, abeonçada por deus e bonita por natureza, porque encontrar 50 reais no fundo da bolsa em dia totalmente sem grana é demais para pobres mortais como bolinha! No máximo, encontra comprovante de pagamento amassado, lenço de papel embolorado ou - o mais comum - contas atrasadas que só dão para pagar em algum banco que tem agência com muita fila longe de casa e do trabalho. Com multa, mora, juros e correção monetaria, é claro!

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  7. Gente... Por eu nunca perder nada (ainda bem que perdi a virgindade), também nunca acho nada. Será que isso é uma falha de caráter incorrigível?

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  8. então bolinha e vivien! eu achei 100 reais, duas notas de 50, num bolso de uma calsa jeans! foi uma alegria, faz quase uma semana isso e é com esse dinherinho que vivi os últimos dias na floresta! Viva ao caos! hehehe

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