quinta-feira, 8 de março de 2007

6)Os alunos têm direito a excelentes bibliotecas e a livros baratos.

Leituras: os direitos do aluno leitor e não leitor. (6-7)


Inspirada por um post do Rafael Galvão e outro do Alex, sobre a leitura na escola e os livros infanto-juvenis, decidi escrever um texto sobre o que penso sobre tudo isso, que acabou se transformando em uma espécie de manifesto, pelos direitos dos alunos leitores e não leitores. Ficou um texto longo, bastante pessoal, que publicarei aqui aos poucos, um por dia, em meio ao dia a dia do Diário da Lulu.

No total, os direitos são esses ( basta clicar em cada um que o post aparece) :

1)O aluno não precisa gostar do livro lido.
Inclusive, é livre para odiá-lo.

2)Ao aluno deve ser oferecido sempre o que há de melhor na literatura universal, passando por todos os gêneros.
3)A literatura não é objeto santificado, sagrado nem de culto máximo.
4)Livros inteligentes devem ser tratados com inteligência.
5)Se o aluno não lê nada, mas nada mesmo, é porque, provavelmente, não sabe ler.
6)Os alunos têm direito a excelentes bibliotecas e a livros baratos.
7)Os alunos têm direito a professores ultra bem remunerados e com tempo para dedicarem-se a eles.

6)Os alunos têm direito a excelentes bibliotecas e a livros baratos.

É um direito. Não é porque não existe, e não é realidade, que deixa de ser um direito. Ler é experimentação, tentativas, uma biblioteca enorme, confortável, repleta de quadrinhos, de livros, de ilustrações, uma biblioteca é um universo mágico, um saguão de viagem com passagens gratuitas para se ir onde se bem entender, do jeito que se quiser. Toda criança deveria ter um saguão desses ao seu dispor, ao lado de uma quadra de esportes e de uma piscina. Pronto.

E os livros são caros, caros demais, absurdamente caros. E os quadrinhos então? Adoraria ler todos os Asterix que existem com a turma, mas é quase impossível, pelo preço. O mesmo para Sandman, qualquer gibi do Frank Miller e assim por diante. E os livros? Tenho fetiche por edições lindas, adoraria ler com meus alunos os livros lindos da Cosac & Naif, de capa dura, ilustrações maravilhosas e assim por diante, mas são caros, e fica sim pesado para muitas famílias comprar um livro novo por mês. É complicado, no cotidiano da escola isso se torna um problema sério e triste.

Por que todo mundo tem direito a um livro eternamente fechado na estante, que a gente namora, sabe que é bom, e deixa lá, para um dia abri-lo, namorá-lo, quando der vontade. Todo mundo tem direito abrir um livro bem grossão, estranho, de capa dura, e folhas amareladas, cheirá-lo, sentir a textura das folhas, e devolvê-lo para a estante, bem rápido, sem que ninguém perceba. À tontura que às vezes dá, quando deparamo-nos com uma biblioteca cheia, estourando de livros à nossa disposição, que nunca dominaremos, que nunca leremos inteira, mas que está lá, cheia de tesouros, à espera de serem descobertos. Todo mundo tem direito à leitura gratuita, disponível, a ler livros que outros leram, folhear páginas tocadas já por mil dedos, manchadas de lágrimas, de gordura, de dedos de outras pessoas. Todo mundo tem direito a bibliotecas públicas, a sebos baratos, a livros baratos. Porque ler se aprende lendo, experimentando, testando, e para isso, os livros têm que ser acessíveis. Simples assim.

4 comentários:

  1. Lulu, essa sua serie esta muito bacana, muito mesmo.
    Vc deveria transformar isso em uma sequencia de palestras e vender isso por ai, eu acho que rola, viu?
    bj.

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  2. Vivien,
    se rolar de divulgar e ter alguma ressonância isso por aqui eu já vou ficar tão contente...

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  3. Lulu, perfeitíssimo! o mundo seria muito melhor se tudo isso existisse!
    que lindo manifesto!

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