sábado, 13 de janeiro de 2007
Histórias de Ana e sua biblioteca
Então saímos de Curitiba e voltamos a São Paulo. Curti horrores, e fotografei a biblioteca do apartamento em que estávamos, no qual ele morou por seis meses. Fomos felizes.
Eu, que fiquei em São Paulo, ia visitá-lo lá em Curitiba e esquecia o andar do apartamento:
"- Moço... eu esqueci o andar... ( pro porteiro)
- Que andar?
- O andar do apartamento...
-Do seu apartamento?
- É... ( já totalmente sem graça)
- Você esqueceu o andar da casa onde você mora?
- É... mas é que eu fico mais em São Paulo... ele que vai mais prá lá, eu quase não venho...
- Sexto. (Após uma longa pausa dramática, juro)
- brigáda. "
Aconteceu. Duas vezes. Droga.
Bom, a Ana Paula - que nos alugou seu apartamento lindinho e hiper cuidado, onde morou seis anos da sua vida e onde achava que ia morar até ficar bem velhinha, não fossem as ( boas) surpresas que aparecem no meio disso tudo - adorou o post que fiz inspirado em sua biblioteca e me autorizou a tirar fotinhas para mostrar para meus queridos e inúmeros leitores. :) elas estão aqui, acho que se vocês forem clicarem em cima elas aumentam de tamanho.
E mais: Ana me presenteou com histórias da biblioteca, uma especial, de um livro do Saramago, com coisas dentro ( ai que delícia que são livros com coisas dentro!) : autógrafo do autor e uma foto, onde ela está com o pai e o próprio português. O que eu achei mais bonito foi poder ver o pai de Ana, que foi quem lhe ensinou a ter esse amor pelos livros e de quem ela sempre fala.
E ela ficou contando da sua fase mística, que ainda permanece mas está um pouco menos eufórica, digamos assim. E contou
que acendia velas o tempo inteiro, mas as velas tinham que ficar acima da altura da cabeça, então o teto sempre queimava um pouco, porque ela tinha que colocar as velas em cima do armário; e ela acabava saindo de casa e deixando as velas acesas... pois a Ana explicou que vela de bruxaria não se pode apagar nem soprar, e olha o tempo que demora uma vela para queimar inteira... horas!! Sim... As velas ficavam ali, quase encostando no teto e acesas, em cima do armário.
A biblioteca e o lindo apê correram riscos. Vocês não sabem de nada.
Até que um dia Ana descobriu as velas coloridas de aniversário de criança, que são pequenininhas e queimam rápido e tudo deu certo, com o acréscimo da diversão que é escolher as cores da vela de cada dia.
Uma vez uma amiga bruxa, ao final do ano, falou para Ana que ela tinha que fazer uma super limpeza, purificação, sei lá o quê. E deu a receita: pólvora, enxofre, alecrim, isso e mais aquilo.
Pois bem, minha amiga, que leva tudo isso muito a sério, foi lá e comprou todos os tais ingredientes. Só que a outra não havia especificado as quantidades, então na dúvida, AP comprou um monte de cada ingrediente. Eu faria isso também.
Chegou em casa, com todos os pacotinhos, toda animada, pronta para a purificação.
Onde fazer o tal ritual? Na sala? Melhor não... muitos móveis, pode atrapalhar, a energia não flui e o piso tá tão bonito... na cozinha?
não... pouco espaço. No banheiro?! Sim, no banheiro. E lá foi essa mulher doida para o banheiro ( que tem uma única janelinha, que dá para a área), levando todo o kit de purificação e sei lá o quê.
Misturam-se todos os pozinhos, faz-se um círculo no chão, entra-se dentro do círculo e... acende-se o tal do círculo mágico. Juro, é um círculo de fogo. Também quase não acreditei. Sim, dessa vez, AP quase botou fogo de fato em seu apê tão lindo. As chamas subiram imediatamente, o cheiro do enxofre tomou toda a casa, uma fumaça densa preencheu todos os espaços. Ana saiu correndo, pulou as chamas do tal do círculo purificador incendiário, e pôs-se a apagá-las freneticamente. E pega balde e apaga tudo e que cheiro insuportável. Não dava para aguentar, o enxofre dominava todo o alecrim e especiarias que houvesse na mistura. O círculo já apagado, Ana teve que sair de casa, expulsa pelos fuidos e fumaças purificadores. Desceu até a portaria, "nossa, que cheiro ruim , né? ..." Ttodos comentam. Ana, sem pestanejar nem enrubescer, junta-se ao comentário geral: "Pois é... o que será?... não?"
No dia seguinte, a vizinha: "menina... dessa vez você exagerou nos incensos né? Bah..."
E uma mancha circular habitou o banheiro daquela casa por mais de mês.
Essa é minha amiga Ana Paula (será que todas as Anas Paulas são legais? é minha segunda amiga com esse nome), cuja casa habitamos nesse ano que passou.
Obrigada, mesmo.
Seja bem feliz na sua nova casa, sejamos.
beijinhos a todos,
lulu.
PS: nesse final de semana Lulu recebe amigos em casa, não percam os posts contando tudo, com direito a receitinhas gostosas.
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o homem e seus símbolos, mitos do de rose.
ResponderExcluiruau.
;>)
grande biblioteca.
:>*
é Bia,
ResponderExcluira papa ali é finíssima.
:)
Lulu.
Hahaha, qdo eu li "pólvora" , eu já tava rindo.
ResponderExcluirOdeio Saramago. Deixei de ir à minha primeira aula de russo pra vê-lo e a atração principal foi um morcego. Ele tem um único livro bom,na minha opinião: O Ano de 1994(ou de 93? Sempre troco).
Resultado: passei a gostar menos e menos dele como escritor e ainda tive que aprender o alfabeto de um dia pro outro.
E continuo não gostando dele. E continuo lendo russo. k(recém acordada e de péssimo humor)
K!!!
ResponderExcluirTambém num morro de amores pelo homem, gosto de memorial do convento, o tal que fez o equilibrista dormir... e um pouco que só, mas o bacana mesmo é a Ana com seu pai.
;)
mil beijocas,
Lulu.
Agora que o mau humor passou: amei as fotos! k
ResponderExcluirAh! Esses ritos pagãos muito me interessam, desde que conduzidos com o mínimo de noções de prevenção contra acidentes.
ResponderExcluirNão sabia que Memorial do Convento era uma obra apreciada (ainda que minimamente) pela proprietária dessa taberna... comprometo-me a lê-la para conseguir seu perdão.
Comprometo-me, também, a preparar um (ou mais) daikiri para saciar sua curiosidade.
k, continua achando que não gosto mais de você?
Uhum. k
ResponderExcluirestou babando horrores.
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